Os vários acordos firmados na primeira semana da COP26 precisam, agora, ser lastreados por ações concretas, assim como as várias juras empresariais de net zero. A segunda semana da COP mostrou a pouca disposição dos países ricos em compensar os países mais vulneráveis pelas mudanças climáticas que suas emissões históricas causaram.
Adam Tooze, da universidade americana de Columbia, diz no Guardian que seria esperar demais que os negociadores em Glasgow avançassem mais do que a realidade política dos países que representam. Ele cita John Kerry, o superembaixador climático dos EUA, que admite que o custo da transição energética no mundo em desenvolvimento estaria na casa dos trilhões de dólares todo ano, e não os tais 100 bilhões devidos. Uma conta que, segundo Tooze, nenhum país rico toparia bancar.
A esperança, então, seriam os compromissos do setor privado. Ele cita Kerry novamente, desta vez animado com os números da força-tarefa dos mercados voluntários que andam na casa dos trilhões. Tooze evoca o esforço dos tesouros nacionais norteamericano e europeu diante da crise de 2008-10 e, mais recentemente, a mobilização de recursos para o enfrentamento da pandemia.
A diferença, diz, é que os problemas nacionais foram resolvidos nacionalmente. Pouca ajuda fluiu para os países mais vulneráveis. E não há razão para que isto aconteça agora. A saída, para ele, passa pela pressão crescente da sociedade civil tanto em cima da classe política quanto nos conselhos administrativos corporativos. “O maior risco é não mudar”.
E por tocar no mundo corporativo, uma matéria do Financial Times fala das empresas que estão estendendo os bônus por resultados de seus executivos para incluir métricas de sustentabilidade e, no caso do artigo, de redução de emissões. Atingir metas climáticas e fazê-las cada vez mais ambiciosas pode ser um sinal importante para que a emergência climática penetre no mais empedernido CEO.
ClimaInfo, 18 de novembro de 2021.
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