Desmatamento acumulado em 2021 na Amazônia cresce 33% e bate novo recorde, aponta Imazon

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Enquanto Bolsonaro mente para investidores internacionais em Dubai dizendo que a Amazônia tem “mais de 90%” de sua área preservada –  “exatamente igual quando foi descoberto no ano de 1500” -, os satélites mostram a situação dramática da maior floresta tropical do mundo.

De acordo com o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Imazon, a Amazônia perdeu 803 km2 de vegetação em outubro, uma área quatro vezes maior que a cidade de Recife (PE). No acumulado de 2021, o número é assustador: nos primeiros dez meses de 2021, a floresta amazônica brasileira perdeu 9.742 km2, o pior índice em dez anos, com um aumento de 33% em relação ao mesmo período no ano passado.

“Considerando que o Brasil reafirmou seu compromisso com o desmatamento zero na COP26, a área desmatada em outubro é preocupante, porque mostra que seguimos com patamares elevadíssimos de perda de floresta”, comentou Antônio Fonseca, pesquisador do Imazon.

Na comparação do desmatamento registrado nos meses de outubro na última década, a área destruída no mês passado foi a segunda pior da série, atrás apenas de outubro de 2020, quando o SAD identificou uma perda de 890 km2 de vegetação.

O grosso do desmatamento identificado em outubro passado aconteceu no Pará, responsável por 56% da área verde total destruída (450 km2); sete municípios paraenses figuram no top 10 do desmatamento amazônico, sendo três deles localizados ao longo da Transamazônica.

Para o Imazon, esse é um dado novo, já que essa área não vinha registrando perda de vegetação substancial nos últimos meses. Isso pode significar o surgimento de um novo flanco de desmatamento no Pará, a depender dos números dos próximos meses.

O g1 repercutiu os dados do SAD para o desmatamento amazônico em outubro. Já a lorota presidencial foi destacada por CNN Brasil, g1 e O Globo.

Em tempo: Por falar em dados de satélite, o governo federal começou a conversar com o bilionário Elon Musk, fundador da Tesla e da SpaceX, sobre a possibilidade de uma parceria para uso de tecnologia de satélite para monitorar queimadas e desmatamento na Amazônia, além de fornecer acesso à internet em áreas afastadas no Brasil. A primeira conversa aconteceu nesta semana entre Musk e o ministro Fabio Farias, das comunicações, que postou em seu Twitter um vídeo ao lado do bilionário tech. É curioso como a gestão Bolsonaro lida com essa questão: aqui em casa, o governo tem no INPE décadas de expertise científica e tecnológica, uma referência mundial em monitoramento espacial de uso da terra; no entanto, ao invés de reforçar essa “ilha de excelência” da ciência brasileira, Bolsonaro prefere atacá-la, amordaçá-la e deixá-la à míngua, enquanto bate papo com empresas estrangeiras. Bloomberg e Reuters repercutiram a notícia.

 

ClimaInfo, 18 de novembro de 2021.

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