Na COP26, sociedade brasileira amplia sua participação no debate climático

COP26 sociedade civil

“O que talvez tem de ineditismo é que fizemos algo parecido com um ‘ativismo diplomático’. Um outro ativismo, que não é o do protesto de rua. Ao contrário, é o ativismo da disputa pelo debate, da qualificação do debate. Criar um espaço como esse, onde a gente possa trazer essas pessoas, trazer esse diálogo, foi muito importante.”

Foi assim que Ana Toni, diretora do Instituto Clima e Sociedade, sintetizou a importância estratégica do Brazil Climate Action Hub na COP26, em entrevista ao Estadão, na qual analisou os resultados da conferência e a participação do governo brasileiro. Ela ressaltou a importância da presença dos tomadores de decisão públicos e privados, mas também mencionou a falta de participação das populações locais em acordos sobre o local onde vivem, como a Amazônia.

Carlos Rittl, especialista em políticas públicas da Rainforest Foundation da Noruega, comentou como a presença significativa de populações indígenas, de representantes do movimento negro, de quilombolas e da juventude brasileira relatando a crise ambiental no Brasil, se contrapôs às tentativas de greenwashing do Itamaraty, que são descritas na matéria. A matéria de Nádia Pontes, reproduzida por DW, Folha e g1, entre outros, ouviu diversos especialistas e organizações que concordaram que as sucessivas alegações do governo, sem respaldo na realidade, comprometem a imagem do país, gerando uma desconfiança que persiste mesmo depois da conferência.

A COP26 também foi marcada pela participação do movimento negro chamando a atenção para um tema negligenciado no debate climático: o racismo ambiental e as consequências da crise climática para as comunidades quilombolas. Na Folha, Douglas Belchior, cofundador da Coalizão Negra por Direitos, explicou que “o que houve foi uma mobilização da sociedade civil organizada que entendeu a importância de se mobilizar, mas não houve alteração ou mudança no sentido da conferência como estrutura enquanto espaço oficial. A própria ONU precisa avançar no debate sobre a importância do racismo ambiental”, declarou.

Em tempo: “É preciso que haja um debate sério sobre a crise climática baseado na Justiça Climática. Não é aceitável que a voz dos jovens, de negros e negras, dos Povos Indígenas, das mulheres e do Sul global sejam tangenciadas e fiquem de fora da mesa de decisão”, escreveram no Nexo o jornalista Jefferson Barbosa, do PerifaConnection, e a mestranda na UFRJ Sharah Luciano, da Iniciativa Fé no Clima.

 

ClimaInfo, 17 de novembro de 2021.

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