Após defender carvão na COP, Índia sofre com poluição do ar em níveis perigosos

Índia poluição do ar

Ao mesmo tempo em que o governo indiano quase colocou a COP26 na fogueira em defesa de seu direito de queimar carvão, os moradores de Nova Déli sofrem há dias com mais um episódio de smog, com os níveis de poluição atmosférica chegando a patamares perigosos para a saúde humana.

De acordo com a Reuters, a poluição densa está causando um aumento nos casos de internação por problemas respiratórios na capital indiana, especialmente de crianças e idosos. Para restringir a liberação de poluentes, o governo de Déli determinou o fechamento de cinco usinas termelétricas nos arredores da cidade, além da suspensão das aulas presenciais em suas escolas. Fábricas e escritórios também estão sendo recomendados a fechar; nesse sentido, as autoridades locais estão considerando a possibilidade de impor um sistema de rodízio de veículos mais rígido para diminuir a circulação de carros, caminhões e ônibus na cidade.

O NY Times destacou a situação da poluição tóxica em Nova Déli, ressaltando o empurra-empurra entre as autoridades do país, cada um culpando o outro pela gravidade da crise. Associated Press e Financial Times também repercutiram os impactos do smog na capital indiana.

Voltando à atuação da Índia no final da COP, Stitu Mishra fez uma análise no jornal britânico Independent sobre as polêmicas causadas pela proposta indiana, aprovada depois de muita pressão, que enfraqueceu uma proposição para os países deixarem de queimar carvão sujo.

Por um lado, a justificativa dos negociadores indianos para essa proposta faz algum sentido, especialmente no que diz respeito ao princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas e à justiça climática: não dá para exigir de um país em desenvolvimento a mesma velocidade na transição energética verde de um país desenvolvido. Ao mesmo tempo, a falta de avanço em temas como financiamento climático diminuiu a margem de manobra para Estados Unidos e União Europeia pressionarem os indianos pelo texto da forma como estava – pedindo aos países o fim da queima de carvão poluente. Por outro lado, o carvão continua sendo um combustível fóssil extremamente sujo e ineficiente, independente do local onde ele é queimado. Se quisermos mesmo intensificar desde agora os esforços para conter a crise climática, não há como defender a continuidade da queima de carvão.

 

ClimaInfo, 19 de novembro de 2021.

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