Bolsonaro não está preocupado com a escalada do desmatamento na Amazônia e sua repercussão interna e externa para o Brasil. Aliás, ele parece mais preocupado com o que brasileiros falam lá fora sobre a situação do meio ambiente no país do que com o que o governo dele faz (e não faz) para resolver o problema.
“Se todo ano fosse desmatado o que a imprensa mostra, a Amazônia toda já era um deserto. Passa dois, três anos, o cara desmata de novo. É a mesma área verde e entra como novo desmatamento”, disse Bolsonaro, mostrando desconhecer tanto o tamanho da Amazônia quanto a metodologia de cálculo utilizada pelo INPE para estimar o avanço do desmatamento na floresta. “É a mesma xaropada de sempre. Matéria na maioria das vezes patrocinadas por brasileiros, que estão trabalhando contra seu país”, disse o presidente.
Sobre o aumento do desmatamento sob seu governo, Bolsonaro não ofereceu qualquer resposta nem quis assumir qualquer responsabilidade. Nesse sentido, o presidente culpou até os países que compram produtos florestais brasileiros pelo desmatamento, sem enxergar a ironia do argumento – afinal de contas, o governo brasileiro está preocupado exatamente com novas restrições na União Europeia às commodities brasileiras potencialmente associadas ao desmatamento da Amazônia. Folha, O Globo, Poder360 e Valor escreveram sobre o blá-blá-blá presidencial.
Enquanto isso, auxiliares de Bolsonaro demonstraram mais desconforto com os dados do desmatamento do que o presidente. O ministro da justiça, Anderson Torres, afirmou que o governo está mudando a estratégia de combate ao desmatamento: saem as Forças Armadas, utilizadas à exaustão por Bolsonaro e Mourão nos últimos anos sem qualquer sucesso, e entram a Força Nacional de Segurança Pública e a Polícia Federal. “É uma estratégia policial de combate ao crime. Não tem segredo, a gente vai atuar com um volume de policiais fazendo uma atividade preventiva e repressiva, com inteligência fazendo operações policiais para desmantelar o crime realmente como ele tem que ser desmantelado”, disse Torres durante coletiva de imprensa ao lado de Joaquim Leite, ministro do meio ambiente. O Valor destacou a informação.
ClimaInfo, 22 de novembro de 2021.
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