Garimpeiros organizam “paredão” de balsas para impedir fiscalização no rio Madeira

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A ousadia dos garimpeiros ilegais na Amazônia parece não ter limites. No Estadão, André Borges noticiou uma mobilização de centenas de balsas de garimpo no rio Madeira, na altura dos municípios de Autazes e Nova Olinda do Norte, ambos no Amazonas, motivada por boatos sobre a descoberta de grande quantidade de ouro no leito do rio.

De acordo com a reportagem, áudios compartilhados entre os garimpeiros sugerem a montagem de um “paredão” dessas embarcações no Madeira para dificultar a chegada e a atuação de fiscais ambientais, além de ameaças de agressão.

As balsas estão explorando o rio a partir de dragas que sugam o leito em busca do ouro, uma ação que causa assoreamento, prejudicando a alimentação dos peixes e comprometendo a qualidade da água.

Segundo informação do site Amazonas Atual, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas, bem como o IBAMA, informaram que foram notificados sobre o caso e que estão averiguando a situação. Não houve qualquer informação sobre eventuais ações do poder público para impedir a atividade criminosa no Madeira.

O g1 divulgou imagens aéreas da movimentação das balsas de garimpo ilegal no Madeira. No exterior, Guardian e Reuters repercutiram a ação audaciosa dos criminosos.

Ainda sobre o garimpo na Amazônia, Arthur Leal trouxe n’O Globo a situação dramática de comunidades indígenas Yanomami, que sofrem com a falta de comida e atenção governamental, além da malária. Em desespero por comida e remédio, alguns indígenas recorreram aos garimpeiros ilegais que atuam na Terra Indígena Yanomami – que, como bem lembrou a reportagem, não deveriam sequer estar ali – por alguma ajuda. No último dia 16, instado pelo Ministério Público, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou ao governo federal explicações e ações efetivas para frear a insegurança alimentar e sanitária entre os Yanomami.

Em tempo: Enquanto garimpeiros reforçam as ameaças de agressão aos fiscais do IBAMA, um projeto de lei no Senado Federal pretende retirar desses agentes o direito ao porte de arma de fogo. A proposta foi apresentada pelo senador Telmário Mota (RR), quem também defendeu recentemente a proibição da destruição de maquinário de desmate e garimpo apreendido em operações do IBAMA. Mota foi acusado pelo então superintendente da Polícia Federal no Amazonas, delegado Alexandre Saraiva, de atuar junto com um ex-ministro do meio ambiente em favor de madeireiros suspeitos de ilegalidade. De acordo com o Estadão, a justificativa de Mota para o projeto é evitar que os agentes do IBAMA se utilizem desse direito para fazer “uso ostensivo e intimidador de armas de fogo”em operações de fiscalização contra desmatamento e garimpo.

 

ClimaInfo, 25 de novembro de 2021.

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