Um levantamento do Metrópoles estimou o impacto do desmatamento amazônico na balança comercial brasileira caso a União Europeia restrinja a entrada de commodities agrícolas associadas à derrubada de floresta. O valor é salgado: cerca de US$ 10 bilhões de vendas anuais do Brasil para o mercado europeu podem ser prejudicados.
Não é pouca coisa: de janeiro a outubro deste ano, o agronegócio brasileiro exportou US$ 15,087 bilhões para a UE, o equivalente a 14,74% do total de exportações do setor nesse período. Desse total, as vendas de soja, carne bovina, óleo de palma, madeira, cacau, café, móveis e couro – produtos que estão no alvo da UE – resultaram em ganhos de US$ 9,935 bilhões neste ano.
As cobranças ambientais feitas pela UE ao Brasil se intensificaram nos últimos dias depois de o governo confirmar uma alta de 22% no ritmo de desmatamento na Amazônia entre agosto de 2020 e julho de 2021. Os dados foram divulgados na semana passada, com quase um mês de atraso – o INPE submeteu seu relatório ao governo no final de outubro.
De acordo com o ministro Marcos Pontes, da ciência e tecnologia, o atraso na divulgação dos números do PRODES não foi intencional nem teve como objetivo blindar o greenwashing do governo Bolsonaro na COP26. A justificativa do ex-astronauta? “Eu estava de férias”. A desculpa é justa: o sinal de internet na Lua deve ser bem ruim.
Carta Capital, G1 e UOL noticiaram a desculpa do ministro.
Em tempo 1: Sem recursos da União para combater queimadas, alguns estados amazônicos estão assumindo a responsabilidade para evitar um desastre ambiental ainda maior na floresta. Um levantamento feito pelo portal ((o)) eco mostrou que Mato Grosso, Tocantins, Roraima, Rondônia e Amapá contrataram brigadistas temporários neste ano para compensar a falta de ação do governo federal. No Amazonas, o governo montou uma força-tarefa com voluntários para atuar no chamado “arco do fogo” no estado; já o Maranhão remanejou efetivos do Corpo de Bombeiros para apoiar o combate às queimadas nas áreas com maior incidência de fogo.
Em tempo 2: A destruição crescente da Amazônia ameaça causar desequilíbrios nos estoques de água no Brasil, o que já vem sendo sentido atualmente no centro-sul do país com a crise hídrica. Na Reuters, Jennifer Ann Thomas usou dados do MapBiomas sobre o avanço do desmatamento e a perda hídrica registrada no país nas últimas décadas e destacou outros estudos que associam a derrubada da floresta à diminuição do volume de chuvas e à maior incidência de secas em áreas antes abundantes em recursos hídricos. Esse risco é potencializado pela crise climática, que favorece a ocorrência de eventos extremos.
ClimaInfo, 26 de novembro de 2021.
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