A indústria da moda na passarela do desmatamento da Amazônia

desmatamento indústria da moda

Como em outros setores, a indústria da moda tem divulgado compromissos voluntários nos últimos anos para conter sua pegada ambiental e de carbono, em linha com as preocupações crescentes de seus consumidores nos mercados ricos com a sustentabilidade desses produtos. No entanto, um olhar mais aprofundado sobre as cadeias de suprimentos do setor mostrou que gigantes como Prada, Adidas e Nike conservam múltiplas conexões com empresas que impulsionam o desmatamento na Amazônia.

Um novo relatório divulgado nesta 2ª feira (29/11) pela Stand.earth destrinchou essas conexões e evidenciou o fracasso dos compromissos ambientais destas empresas, que seguem comercializando produtos contaminados pela devastação ambiental. Das 84 empresas analisadas no estudo, 23 possuem políticas explícitas para combater o desmatamento; no entanto, os dados indicam que esses compromissos não estão sendo cumpridos.

A principal conexão da indústria da moda com o desmatamento está no fornecimento de couro, um subproduto da pecuária. Destaca-se aqui a atuação da JBS, fornecedora deste material para diversas empresas do setor, que possui problemas persistentes para restringir a compra de gado produzido em áreas desmatadas ilegalmente no Brasil. O Guardian deu mais detalhes sobre o relatório.

Outro estudo, produzido pela Fashion for Good e pelo Apparel Impact Institute, destacou como a indústria da moda pode destravar a descarbonização do setor, com vistas a atingir a neutralidade de suas emissões de gases de efeito estufa até 2050. De acordo com a análise, quase metade das reduções de emissões necessárias para atingir esse nível pode ser feita a partir de soluções já existentes, como melhorias de eficiência no processo produtivo e ampliação dos modelos de negócio circular. O custo estimado para essa transformação é salgado – mais de US$ 1 trilhão – mas é compatível com a capacidade de investimento e o valor do setor da moda global. A Euronews repercutiu a análise.

 

ClimaInfo, 30 de novembro de 2021.

Clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.