RPs e a campanha silenciosa das petroleiras contra a ação climática

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Pesquisadores da Brown University (EUA) publicaram no final de novembro um estudo que destrinchou as conexões entre as empresas de relações públicas e a indústria fóssil, destacando como essa interação foi central para que o setor avançasse com discursos e narrativas negacionistas da crise climática nas últimas três décadas.

O estudo documentou como as agências de RP popularizaram termos como “pegada de carbono” e “carvão limpo” com o objetivo de enfatizar a “responsabilidade individual” das pessoas pela mudança do clima, desviando o debate e a reflexão do público de qualquer responsabilidade das empresas de combustíveis fósseis.

No caso da hoje onipresente “pegada de carbono”, os pesquisadores descobriram que a agência Ogilvy, em nome da BP, promoveu essa ideia na década de 1990, oferecendo inclusive dados para que as pessoas calculassem o quanto de carbono estavam emitindo enquanto comiam hambúrgueres, viajavam de avião ou consumiam energia elétrica em casa. Enquanto isso, a BP continuou produzindo petróleo e expandindo seus negócios fósseis.

“É um velho truque de RP para desviar a culpa: antes que petroleiras como BP e ExxonMobil adotassem esse enquadramento, as montadoras automobilísticas atribuíam os acidentes aos pedestres que passavam ‘na rua’, as empresas de tabaco criticavam as pessoas por ‘escolherem’ fumar seu produto viciante e as empresas de embalagem ridicularizavam as pessoas pelo lixo jogado no chão”, escreveu Kate Yoder no Grist. O Washington Post também repercutiu.

 

ClimaInfo, 7 de dezembro de 2021.

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