A solução para a crise climática passa pelo combate à desigualdade global

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“Por que é que, apesar do consenso esmagador sobre a necessidade de agirmos urgentemente para proteger a vida humana em nosso planeta, ainda não somos capazes de empreender as mudanças necessárias?”, questionou Moisés Naím, no El País. Não há uma resposta simples, mas alguns indícios dela são evidentes. Por exemplo, os países desenvolvidos não podem fugir de sua responsabilidade histórica pela crise climática, o que passa por assumir a maior parte da conta financeira da mitigação e da adaptação globais. Mas a divisão entre países ricos e pobres é apenas um pedaço dessa questão. Como lembrou o professor Lucas Chancel, da Sciences Po francesa, no Guardian, a elite global não se concentra apenas nas nações desenvolvidas, mas também possui alguns nacos no mundo em desenvolvimento. Ao todo, essa parcela abastada (que não chega direito a 10% da população global), é responsável pela metade das emissões de gases de efeito estufa do planeta.

“Os ricos emitem mais carbono por meio dos bens e serviços que compram, bem como dos investimentos que fazem. Grupos de baixa renda emitem carbono quando usam seus carros ou aquecem suas casas, mas suas emissões indiretas – isto é, as emissões dos produtos que compram e dos investimentos que fazem – são significativamente menores do que as dos ricos. A metade mais pobre da população mal possui qualquer riqueza , o que significa que tem pouca ou nenhuma responsabilidade pelas emissões associadas às decisões de investimento”, explicou.

O argumento central de Chancel coloca a desigualdade de renda no centro da resolução da crise climática. “É hora de reconhecermos que não pode haver uma profunda descarbonização sem uma profunda redistribuição de renda e riqueza”.

 

ClimaInfo, 8 de dezembro de 2021.

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