“Eles vão morrer”: o avanço do desmatamento ameaça de extinção indígenas isolados na Amazônia

Piripkura

Resignação. Esse é o tom de uma dos três últimos sobreviventes da etnia Piripkura, uma tribo isolada que está sob ameaça de extinção por conta de invasões à Terra Indígena homônima, localizada no Mato Grosso. Fernanda Wenzel, do Mongabay, trouxe o lamento de Rita Piripkura, preocupada com o destino de seus dois sobrinhos, Pakyî e Tamanduá, que se mantêm isolados na reserva e podem ser vitimados por ataques de invasores não-indígenas. “Eles vão morrer”, disse Rita.

A TI Piripkura é o território ocupado por indígenas isolados mais desmatado dos últimos anos: entre agosto de 2020 e julho de 2021, mais de 2,1 mil hectares de floresta foram derrubados dentro da reserva, um aumento de quase 100% na comparação com o ano anterior, de acordo com dados do Instituto Socioambiental.

Pelo que se sabe, o Povo Piripkura se resume hoje a Rita e os sobrinhos dela; ela vive em outra reserva, Karipuna, no norte de Rondônia, mas Pakyî e Tamanduá continuam isolados no Mato Grosso, vulneráveis ao avanço de pecuaristas e fazendeiros sobre o território indígena. A BBC Brasil também contou essa história.

Por falar em ataques contra Terras Indígenas, a articulação Agro é Fogo lançou na semana passada a 2ª parte de um dossiê que reúne informações sobre incêndios em áreas indígenas no último ano. De janeiro até novembro, mais de 19 mil alertas de incêndio foram detectados nessas áreas, afetando 22,3 mil km2. No UOL, Bárbara Dias e Valéria Pereira Santos explicaram como os episódios de fogo em território indígena não se resumem apenas a invasores destruindo a floresta: locais religiosos e aldeias também foram alvo de ataques incendiários, reflexo da intolerância religiosa e da retórica anti-indígena do atual governo federal e de seus aliados no agronegócio e na mineração.

Em tempo: Em todo o mundo, a juventude vem assumindo protagonismo nos movimentos ativistas em favor da ação climática. Isso também está acontecendo no Brasil, inclusive em grupos sociais com vasto histórico de engajamento na questão climática, como é o caso dos Povos Indígenas. A Conferência do Clima de Glasgow (COP26) deu proeminência a algumas dessas novas faces, como é o caso da jovem Txai Suruí. Com apenas 24 anos, Txai foi a única brasileira a participar da abertura do encontro da ONU, reivindicando seu direito de participar das discussões sobre o clima por conta da vulnerabilidade dos jovens e dos indígenas à crise climática. Bernardo Esteves abordou na piauí a emergência desses jovens na linha de frente da luta contra a mudança do clima.

 

ClimaInfo, 8 de dezembro de 2021.

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