Reino Unido é processado por apoio financeiro a projeto polêmico de gás em Moçambique

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Anfitrião da mais recente Conferência da ONU sobre o Clima (COP26), o governo do Reino Unido foi processado pela ONG Friends of the Earth por conta de seu envolvimento no financiamento de um projeto bilionário de produção de gás natural liquefeito (GNL) na costa norte de Moçambique.

De acordo com a entidade, o fornecimento pelo governo britânico de US$ 1,15 bilhão em empréstimos diretos e garantias aos bancos para apoiar esse projeto contraria os compromissos internacionais de Londres contra a mudança do clima, bem como as metas e políticas climáticas nacionais. “O Reino Unido despejou uma quantia impressionante de dinheiro público no desenvolvimento de um enorme campo de gás em Moçambique em plena crise climática”, acusou Will Rundle, diretor jurídico da Friends of the Earth.

O grupo também associa o empreendimento, encabeçado pela petroleira Total, à onda recente de violência na região de Cabo Delgado. A exploração de gás intensificou tensões e conflitos locais já existentes, resultando em ondas de assassinatos e ataques na região. Em março passado, uma milícia fundamentalista invadiu a cidade de Palma, que concentra a maior parte dos investimentos nesse projeto. No mês seguinte, a Total declarou “motivo de força maior” e retirou totalmente seus funcionários do local.

Bloomberg, Euronews, Independent, Reuters e Sky News repercutiram a ação da Friends of the Earth.

Em tempo: Joe Lo abordou no Climate Home a irritação de alguns países africanos com o compromisso anunciado por governos desenvolvidos na COP26 para restringir o financiamento internacional a projetos de gás nas nações em desenvolvimento. No mês passado, um grupo de 20 países e cinco bancos de desenvolvimento (incluindo EUA, Canadá e Banco Mundial, entre outros) prometeu interromper o apoio a novos projetos até o final de 2022. Representantes da Nigéria e do Senegal criticaram a declaração, pedindo ao governo dos EUA, principal responsável por esta articulação, mais sensibilidade às necessidades energéticas das nações africanas. “Isso seria realmente um grande golpe para países como o nosso, que realmente querem ver o gás como combustível de transição e ter tempo para trabalhar em direção ao net-zero”, afirmou o ministro de relações exteriores da Nigéria, Geoffrey Onyeama.

 

ClimaInfo, 8 de dezembro de 2021.

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