Patricia Espinosa: “Precisamos entender a frustração dos jovens com a crise climática”

jovens ativistas climáticos

O Washington Post conversou com a secretária-executiva da UNFCCC, Patricia Espinosa, sobre os resultados da Conferência do Clima de Glasgow (COP26) e as perspectivas para o futuro da luta contra a mudança do clima.

Um dos pontos principais da conversa foi a mobilização de grupos jovens durante o encontro e a frustração destes com o balanço final das negociações climáticas deste ano. “Precisamos entender a raiva e a frustração de tantos jovens em todo o mundo”, reconheceu Espinosa. “E eu acredito que uma de nossas principais tarefas agora é tentar dar a eles algumas ferramentas para que possam transformar essa raiva e frustração em soluções”.

Por outro lado, a chefe da UNFCCC também procurou defender o processo multilateral de negociação, alvo principal das críticas de jovens ao final da COP26: “Em muitos aspectos, o que ficou demonstrado é que não há outra forma de abordar as questões globais a não ser por meio do multilateralismo, que não há possibilidade de encontrar soluções para um desafio como a mudança climática se não trabalharmos todos juntos.”

Por falar em COP, os países africanos estão pressionando a União Africana para trazer mais peso político aos governos do continente durante as negociações climáticas do próximo ano, que acontecerão no resort egípcio de Sharm el-Sheikh. A principal preocupação é que as circunstâncias socioeconômicas da África estão sendo desconsideradas pelos países ricos em debates como o da descarbonização líquida até 2050 e o do abandono de combustíveis fósseis nas próximas décadas, o que coloca as nações africanas em uma posição desigual e prejudicada na transição verde global. O Climate Home abordou esse assunto.

Em tempo: Finalmente, o novo primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, tomou posse do comando do país nesta 4ª feira (8/12) com a promessa de promover uma verdadeira revolução política e econômica na questão climática. A nova coalizão governista, que inclui também o Partido Verde alemão, promete metas mais ambiciosas na eletrificação da frota automotiva do país e no fim do uso de carvão para geração de energia. No discurso, pelo menos, o tom é otimista: o site POLITICO destacou as propostas do novo ministro de clima e economia da Alemanha, Robert Habeck, que visam recriar o lendário Wirtschaftswunder, o “milagre econômico” alemão dos anos 1960 e 1970, agora com tons verdes.

Mas será que tudo isso é viável? Na Reuters, Vera Eckert faz um panorama dos desafios que o novo governo enfrentará para tirar esses objetivos climáticos do papel. Em suma, não são poucos.

 

ClimaInfo, 9 de dezembro de 2021.

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