Brasil segue metodologia confusa e exclui áreas não protegidas da conta de captura de carbono

10 de dezembro de 2021

A CNN Brasil destacou uma análise do Observatório do Clima que mostrou como a metodologia de cálculo das remoções de carbono seguida pelo governo federal apresenta distorções e exclui qualquer captura ou sequestro por áreas não protegidas por lei. Essa exclusão não é gratuita: se considerarmos esse tipo de território na equação de remoções do Brasil, seria evidente que a quantidade de carbono absorvido naturalmente no país está diminuindo por conta do avanço do desmatamento nessas áreas. Sem elas, o balanço oficial de remoções de carbono do Brasil fica ao menos “estável”, já que o desmatamento nas áreas protegidas é significativamente menor.

“Isso dá a impressão de que as remoções estão estáveis ou aumentando, o que não é o caso”, explicou Tasso Azevedo, coordenador do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa/SEEG do OC. “A questão é que, se todas as florestas brasileiras fossem consideradas para a conta de captura de carbono, as remoções estariam diminuindo, já que a área total de florestas está em declínio por conta do desmatamento”.

A inclusão das florestas não protegidas na conta de remoções é importante para não criar distorções e problemas, tendo em vista os compromissos internacionais do Brasil sob o Acordo de Paris, que preveem uma redução de 50% das emissões do país até 2030 e a neutralidade climática até 2050.

Ainda sobre compromissos climáticos do Brasil, Carlos Rittl deu um banho de realidade na análise das promessas feitas pelo país durante a Conferência do Clima de Glasgow (COP26), no mês passado. “A mesma caneta que assinou esses papéis fez passar toda a boiada, enfraquecendo ou extinguindo regras ambientais”, disse Rittl, pesquisador sênior do Instituto para Estudos Avançados de Sustentabilidade de Potsdam (Alemanha), ao National Geographic Brasil. “O mesmo governo que enviou para o Congresso esses projetos de lei que vão causar mais danos, mais desmatamento, mais violência contra os Povos Indígenas, é aquele que assinou esses acordos. Então, não acho que mudam em nada”.

 

ClimaInfo, 10 de dezembro de 2021.

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