A Autoridade Internacional do Fundo do Mar (ISA) está reunida esta semana para discutir a liberação de atividades de mineração no fundo do mar. A ISA foi criada pela ONU para regular e controlar este tipo de atividade no fundo das águas internacionais, fora das jurisdições nacionais. Há um grande interesse em uma zona específica no meio do Pacífico onde foram encontradas grandes quantidades de uma pedra com alta concentração de manganês, cobalto, níquel e terras raras; todos minérios muito usados na indústria eletro-eletrônica, especialmente na fabricação de baterias. O discurso dos interessados é de que o fundo do mar é vazio e sem vida e que minerar essas pedras é possível com uma alteração mínima do fundo.
Chloe Farand, da Climate Change News, abordou no começo do mês as expectativas em relação à reunião e ontem escreveu sobre a divisão dos europeus no tema, com França e Polônia, que têm direitos de exploração, se juntando à Bélgica, que patrocina uma mineradora. Do outro lado, 7 países defenderam uma moratória em uma reunião em setembro. A Alemanha apoia os dois lados, dividida entre a licença que possui e a moratória que defendeu recentemente. O governo que tomou posse ontem, com a forte participação do partido Verde, pode fazer a balança pender para mais proteção.
As mineradoras não sabem, ou não contam, que há muita vida no fundo do mar com novas espécies sendo descobertas o tempo todo. Na zona de fratura Clarion Clipperton, onde ficam as tais pedras, foram descobertas 34 novas espécies só no ano de 2017. O risco de alterar cadeias alimentares por puro desconhecimento é grande. A New Scientist e a I News comentaram a reunião e os riscos.
Um trabalho recente descobriu que ⅔ das centenas de espécies de moluscos que vivem nos fundos dos mares estão sob risco de extinção. Quase 200 espécies, que vivem em volta das fontes hidrotermais perto ou dentro de fronteiras nacionais, foram adicionadas à lista das espécies ameaçadas. Karen McVeigh, no Guardian, conversou com um dos pesquisadores sobre a reunião da ISA: “Se as mineradoras de alto mar quisessem todos os metais que se formam nas fontes, acabariam removendo todo o habitat onde vivem [estes moluscos]. Eles não têm mais para onde ir.”
Em tempo: O degelo na Antártica está acelerando. Em novembro, a extensão de gelo foi quase 1 milhão de km2 menor do que a média histórica de 1981-2020 para o mês, uma redução de quase 7%. A notícia é de José Eustáquio Alves, da UERJ, em um artigo no Eco Debate.
ClimaInfo, 10 de dezembro de 2021.
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