Pivô de conflitos e refugiados, 90% do Lago Chade desapareceu pelo aquecimento global

13 de dezembro de 2021

O lago Chade encolheu 90% desde 1960 e, neste século, é palco de conflitos entre quem vive da lavoura, do pastoreio e da pesca. O lago fica ao sul do Sahel e praticamente na fronteira entre Níger, Chade, Nigéria e o estreito corredor ao norte de Camarões. Segundo o noticiário da ONU, nos últimos dias os conflitos se intensificaram neste corredor, forçando dezenas de milhares de pessoas a se refugiarem no Chade, a maioria das quais mulheres e crianças.

António Guterres, secretário-geral da ONU, lamentando as vítimas, reforçou a mensagem de que a mudança climática está aumentando a gravidade das secas no Sahel. A redução de oportunidades de trabalho e vida alavancam o recrutamento pelos vários grupos terroristas da região. “A mudança climática não é a fonte de todos os males, mas tem um efeito multiplicador e é um fator de agravamento da instabilidade, conflito e terrorismo.” A AP repercutiu a fala de Guterres e o Independent dá um panorama global dos conflitos agravados pela mudança do clima.

A jovem ativista africana Vanessa Nakate conversou com a AP sobre o continente, o menos responsável pelo aquecimento global e o mais duramente atingido pela mudança do clima. Nakate diz que não há adaptação à inanição: “Não há adaptação à extinção, às culturas perdidas, às tradições perdidas, às histórias perdidas, e a crise climática está tirando todas essas coisas”. Vale ler a matéria toda.

A Reuters fala de Bangladesh, que também contribui pouco e paga caro pela mudança do clima. Segundo o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), a população gasta quase US$ 2 bilhões por ano reparando estragos e se deslocando para outros locais, 12 vezes menos do que o país recebe como doação.

Em tempo: O cientista político José Luís Fiori escreve regularmente sobre a impossibilidade de paz na atual configuração geopolítica. No Terra Redonda, ele fala da transição energética sob esta ótica que “não poderá ser jamais pacífica ou multilateral, porque envolve disputas e competições não declaradas que terão ganhadores e perdedores, e que darão origem às hierarquias e desigualdades de poder entre os que têm e os que não têm (…) e nessas disputas assimétricas nunca haverá possibilidade de uma arbitragem ‘justa’, ‘consensual’ ou definitiva.”

 

ClimaInfo, 13 de dezembro de 2021.

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