Um continente fustigado por eventos climáticos extremos. Este é o retrato da América do Sul neste começo de 2022. Se no centro do Brasil as tragédias são provocadas por chuvas intensas, a parte meridional do continente, incluindo Argentina, Uruguai e Paraguai, sofre com secas e, agora, uma onda de calor intenso que pode trazer máximas próximas aos 50°C.
Na terça (11/1), Buenos Aires enfrentou seu quarto dia mais quente em 115 anos, ou desde que os registros passaram a ser arquivados pelo Serviço Meteorológico Nacional (SMN) argentino em 1906, e de acordo com o MetSul várias províncias entraram em alerta vermelho. Neste mesmo dia, a demanda por energia para refrigerar casas e empresas provocou um blecaute em Buenos Aires, prejudicando quase 750 mil pessoas. A notícia foi repercutida por g1, O Globo, Valor, Veja e Folha.
O MetSul informou também que o governo argentino decretou emergência ígnea em todo o território por um ano, devido ao número crescente de incêndios, com o objetivo de adotar medidas para prevenir novos focos e reparar áreas afetadas.
A onda de calor tem força suficiente para elevar os termômetros até os 40oC tanto no Rio Grande do Sul quanto em Santa Catarina. No Rio Grande do Sul, 159 municípios já estão em situação de emergência devido à estiagem que começou em novembro e que deve causar perdas financeiras nas lavouras de soja e milho da ordem de R$ 19,8 bilhões, segundo cálculo da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul noticiado pelo Valor.
Analistas comentaram na Reuters sobre como as perdas das lavouras usadas como alimentação do gado terão impacto sobre o custo da carne este ano.
O calor extremo deve prejudicar também o sistema de abastecimento de água e energia: segundo o g1, ao menos 17 estações hidrológicas de Santa Catarina estão em situação de alerta ou emergência, segundo os dados do boletim da Epagri/Ciram, que faz o acompanhamento nas bacias e complexos do estado, divulgados na manhã de ontem (12).
A BBC observa que cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês) atribuem esta e outras mudanças do comportamento natural do planeta às mudanças climáticas, que estão aumentando as ondas de calor, secas, alagamentos e outros eventos climáticos extremos.
Já o MetSul explica que esta onda “monstro” é um exemplo de extremo climático composto, ou seja, várias situações extremas que ocorrem simultaneamente, agravando umas às outras. Assim como os eventos climáticos extremos, os compostos estão também cada vez mais comuns. A Reuters menciona como a onda de calor tem levado os argentinos a questionarem sobre a mudança do clima.
ClimaInfo, 13 de janeiro de 2022.
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