Desmatamento impulsiona malária na Amazônia

malária

Aumentam as evidências científicas de que o desmatamento e as más condições de moradia na Amazônia estão relacionados às mudanças na dinâmica de transmissão da malária na região.

Matéria publicada sobre o assunto no Jornal da USP, e repercutida no UOL e no Um Só Planeta, menciona dois artigos científicos, liderados pela Faculdade de Saúde Pública da USP e publicados em 2021, mostrando os efeitos da intervenção humana na floresta. Um deles, encabeçado pelo biólogo Leonardo Suveges Moreira Chaves, foi publicado na Scientific Reports.

Chaves e os coautores apontam que as mudanças causadas pela ação humana, como supressão da vegetação nativa e fragmentação da cobertura vegetal, reduzem a biodiversidade de mosquitos, favorecem o predomínio da espécie Anopheles darlingi – a qual se tornou o principal vetor da malária na Amazônia -, e impulsionam a proliferação da doença na floresta.

Já o artigo liderado pelo pesquisador Gabriel L. Aporta e publicado na revista Plos One indica que a relação entre desmatamento e malária é um processo espacial e temporal de variação na incidência de vetores em ambientes rurais da Amazônia que são ocupados pelo homem. Isso indica que os picos da doença ocorrem de acordo com comportamentos antropogênicos de uso e ocupação do solo.

Como percebe-se, aumenta o número de pesquisas científicas, na USP, na Fiocruz e em renomados centros de pesquisa internacionais indicando que o desmatamento amplia o risco de explosão de novas pandemias e doenças infecciosas. Com isso, amplia-se também a percepção de que preservar a floresta também é uma forma de minimizar riscos à saúde humana.

Em tempo 1: O Ministério da Justiça decidiu prorrogar até julho o uso da Força Nacional no combate ao desmatamento, aos incêndios florestais e ao garimpo ilegal na Amazônia; aparentemente a decisão tem a ver com a ameaça de greve de servidores do ICMBio, como sinaliza a coluna de Igor Gadelha, no Metrópoles. A prorrogação vai até julho e foi noticiada no Valor.

Em tempo 2: O Estadão destacou que o Brasil poderá ser atingido em cheio pelo processo de securitização das mudanças climáticas. Trata-se de uma tendência de deslocamento da questão climática dos fóruns ambientais e econômicos para fóruns de segurança e defesa internacional. Estados Unidos, França e Reino Unido, por exemplo, estão tentando tratar as mudanças climáticas no âmbito do Conselho de Segurança da ONU. Se isto for adiante, o aumento do desmatamento, o enfraquecimento de agências como o ICMBio e o IBAMA e o aumento da violência contra Povos Indígenas e ativistas poderiam ser tratados internacionalmente com retaliações, uma vez que o Brasil seria corresponsável por eventos extremos, secas, inundações e ciclones que afetam crescentemente as grandes nações. Esse foi o mesmo discurso que já embasou a chamada “Guerra ao Terror”. O Estadão ouviu analistas civis e militares sobre o tema.

 

ClimaInfo, 14 de janeiro de 2022.

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