As chuvas em Minas Gerais estão elevando o risco de rompimento de barragens e a angústia em quem reside nas suas proximidades. A DW ouviu moradores de Rio Acima, que estranharam o aspecto do barro deixado depois da baixa das águas. “Parece resíduo de minério de ferro. É um material muito fino e tem um brilho que areia comum não tem”, contou o munícipe Luciano Côrrea, que acrescentou: “A gente sente uma insegurança muito grande. A gente vê as empresas tratando a situação como se não houvesse risco, fazendo ações depois de desastres, a gente vê muita omissão”.
“Temos medo de tudo. De um barulho na rua, da chuva… É algo que é surreal, é só para quem vive por aqui”, contou Andresa Rodrigues, diretora da AVABRUM (Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos do Rompimento da Barragem Mina Córrego Feijão Brumadinho) ao UOL, o qual ouviu moradores de outras cidades mineiras, em relatos que traduzem os mesmos sentimentos: medo, angústia e sensação de abandono.
“É um caos previsto, essa situação com as barragens ainda vai durar por muitos anos aqui”, disse Gustavo Gazzinelli, ambientalista e presidente do Instituto Diadorim para o Desenvolvimento Regional e Socioambiental ao Ecoa, veículo que produziu um didático Perguntas & Respostas sobre barragens.
Diante do risco iminente de outra tragédia de grandes proporções, o Ministério Público de Minas Gerais e a Fundação Estadual de Meio Ambiente prometeram produzir a toque de caixa relatórios sobre as 31 barragens de rejeitos em situação de emergência, segundo informou o jornal Estado de Minas. A mesma pressa parece não existir no gabinete do governador: em entrevista a O Globo, Romeu Zema (NOVO) afirmou que é cedo para definir quais ações o seu governo deverá tomar para recuperar os estragos causados até aqui e quais medida de prevenção pretende adotar para não ver o filme da tragédia se repetir nos próximos anos.
Dispensável dizer que, apoiador de Bolsonaro, Zema evitou criticar a ausência do presidente da República – quem, em sua última live, ouviu da boca do ministro da infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que o crédito destinado para a reconstrução da Bahia e demais regiões atingidas pelas enchentes desde dezembro de 2021 equivale a um quinto do necessário. Segundo Tarcísio, as obras vão custar ao menos R$1 bilhão. A notícia é do Congresso em Foco.
ClimaInfo, 17 de janeiro de 2022.
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