Governo cria Conta de Escassez Hídrica para o setor elétrico

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Bolsonaro baixou decreto criando a Conta Escassez Hídrica para gerir os recursos da parte elétrica da crise hídrica. Como se vinha falando desde o ano passado, a bandeira especial não cobre os custos do acionamento de todas as térmicas, o que gera um buraco de R$ 5 bilhões. Daí que aumentos expressivos nas tarifas eram esperados para este ano. Para evitar o impacto em um ano de eleição, o governo abre, segundo a Folha, a possibilidade de mais uma rodada de empréstimos coordenada pelo BNDES. Se der certo, a conta continuará a ser paga pelos consumidores, mas no próximo governo.

A Agência Brasil informou que uma Medida Provisória editada em dezembro manteve os encargos da conta, mesmo para quem pode e pensou se refugiar no mercado livre.

Apesar da palavra “hídrica” no nome de contas e encargos, o governo só olha para a geração elétrica e não para a grave falta d’água que atinge regiões inteiras do país.

A atual crise é mais um ponto fora da curva do registro da seca – a pior nos últimos 91 anos – que está finalmente forçando o setor elétrico a confiar um pouco menos na hidrologia histórica e a incorporar os impactos da mudança do clima no seu planejamento e na sua operação. Gabriela Ruddy, no Valor, falou com gente da EPE e do ONS sobre as mudanças em curso.

Em tempo: A alta no preço mundial dos óleos de soja e palma está obrigando governos a reduzir a mistura de biodiesel. Segundo o Valor, a Indonésia reduziu a mistura de 40% para 30%; a Tailândia, de 20% para 10%; a Argentina, de 10% para 5%. Aqui, o teor de biodiesel deveria ser 14%, mas permanece nos 10% do começo da pandemia. Os produtores e analistas criticaram o governo por mudar a regra do jogo no meio da partida, criando insegurança para os negócios. Outra matéria do Valor fala de uma ação impetrada na Justiça para obrigar o governo a aumentar a mistura. Interessante notar que parte do setor privado nacional prefere mercados cativos garantidos pelo Estado a precificar e enfrentar os riscos como na maioria dos mercados capitalistas.

 

ClimaInfo, 17 de janeiro de 2022.

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