Brasil está longe de preparado para as mudanças climáticas

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Os prejuízos com as múltiplas crises hídricas dos últimos anos já eram uma indicação do pouco preparo para o que vem pela frente. Este final de ano apenas trouxe este despreparo e descaso para a primeira página dos jornais, com as chuvas torrenciais na Bahia e em Minas Gerais e a onda de calor no Sul. Para completar, nesta semana em Marabá o nível do rio Tocantins subiu de 6 para quase 13 metros, desabrigando aproximadamente 3 mil famílias.

Stela Herschmann, do Observatório do Clima, disse na rfi que a mudança climática vem impactando o mundo todo. Aqui, o descaso e despreparo dos governos aumentam significativamente a vulnerabilidade das populações e da economia. Stela acrescenta que o incentivo governamental ao desmatamento agravou a crise hídrica que já causou prejuízos de bilhões de reais aos produtores rurais do Sul. A Carta Capital reproduziu a entrevista.

Mesmo as seguradoras que teoricamente trabalham com o futuro registraram uma explosão no número de sinistros em dezembro: cerca de 10 mil, mais do que o acumulado de janeiro a novembro. Rafael Walendorff, no Valor, informa que a quebra da safra de milho no Sul se soma aos efeitos de estiagem, geadas e granizo em cafezais de Minas e São Paulo. A matéria traz anseios das seguradoras para protegê-las, mas ninguém, nem seguradoras, nem produtores, fazem qualquer menção ao combate ao desmatamento da Amazônia.

O tempo muito seco e muito quente no Sul está por trás dos 133 focos de incêndio detectados pelos radares, mais do que o dobro da média para o mês nos últimos 30 anos. Segundo o Metsul, o oeste do Rio Grande do Sul viu temperaturas acima de 40oC nas primeiras 2 semanas do mês.

Ao longo de dezembro, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) emitiu mais de 500 alertas de risco de desastre por conta de chuvas fortes e 163 destes se realizaram. Rafael Luiz, do Cemaden, falou com a Agência FAPESP: “Não me recordo de outros períodos em que tivemos tanta atividade”.

Em tempo: A região de Buenos Aires viveu, em poucos dias, extremos de calor e frio. Uma onda de calor de mais de 40°C provocou blecautes devido à demanda dos aparelhos de ar condicionado. Nesta semana, uma onda de frio varreu o país com temperaturas mínimas batendo recordes para o mês de janeiro. O MetSul conta que houve locais na província de Buenos Aires que registraram 42°C na 6a feira passada e que amanheceram nesta 3ª com menos de 9°C.

 

ClimaInfo, 21 de janeiro de 2022.

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