A vida e a economia pós-petróleo no lago de Maracaibo

Lago Maracaibo

Foram quase 100 anos de exploração de petróleo na região do Lago Maracaibo, na Venezuela. Muitas decisões ruins foram tomadas durante este tempo, tanto do ponto de vista ambiental, como de planejamento econômico e social.

Os anos de má gestão e imprudência transformaram o lago em uma região degradada, decadente economicamente e cercada de plataformas de perfuração por todos os lados.

A produção de combustíveis fósseis teve protagonismo tal na Venezuela que acabou por sufocar outras atividades econômicas, inclusive pelos problemas cambiais decorrentes.

Não deixa de ser irônico que uma nova indústria esteja surgindo exatamente sob os escombros do que essa exploração deixou pelo caminho. Fazendas de camarão, grandes e pequenas, brotam por toda parte, transformando as terras baixas e propensas a enchentes que compõem a bacia de Maracaibo em uma maciça rede de piscinas de cultivo do crustáceo, que é exportado para a Europa e a Ásia. Quem conta esta história é a Bloomberg.

Segundo o site, a nova agenda econômica local não chega a posicionar a Venezuela como um grande fornecedor de camarão – longe disso – mas injeta dinheiro em uma economia que encolheu 75% em pouco mais de uma década.

Resta saber se os mercados importadores gostam de aroma de petróleo em sua comida. Em outubro do ano passado, a BBC divulgou imagens produzidas pela NASA que dão pistas da contaminação do lago, bem mais intensa do que dizem as fontes ouvidas agora pela Bloomberg.

A troca da produção de energia suja pelas delícias do mar também é a aposta de um grupo com mais de 35 empresas e instituições de pesquisa japonesas, incluindo a Eneos Holdings e a Honda. No caso, a troca é mais literal: eles querem explorar o potencial das microalgas para ajudar a substituir os combustíveis fósseis e para fornecer uma gama de produtos alimentícios e de consumo, outra história detalhada pela Bloomberg.

Em tempo: O recorde de concentração de metano na atmosfera de 2021 levou alguns cientistas a indagar de onde vêm estas emissões não contabilizadas. Convém começar a procura pelos suspeitos usuais. Um relatório publicado ontem (24/1), e reportado pela Reuters, mostra um enorme volume de metano sendo emitido nos últimos três anos na região do Permiano, nos EUA. Localizada entre os estados do Texas e do Novo México, a região é uma das mais importantes na produção de combustíveis fósseis no mundo, e tem como foco justamente a produção de metano (apelidado de Gás Natural) por meio da polêmica tecnologia do fracking. Os EUA assinaram na COP26 um acordo que prevê redução de 30% nas emissões de metano nos próximos 8 anos.

 

ClimaInfo, 25 de janeiro de 2022.

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