Consultoria estima que neutralidade climática exige 10% do PIB global anual

neutralidade climática

A McKinsey estima que o preço que o mundo terá que pagar para atingir o net-zero é cerca de US$ 9,2 trilhões por ano até 2050. Isso representa um pouco mais de 10% do PIB global de 2020 e US$ 3,5 trilhões a mais do que se estima ser gasto hoje para conter o aquecimento global. Boa parte desses recursos poderão ser empregados com investimentos com retorno espalhado ao longo do tempo.

O cenário projetado assumiu que, até 2050, o carvão desaparece da matriz energética, o consumo de petróleo e derivados cai 55% e o de gás natural, 70%. O preço da eletricidade será de 20% a 25% mais caro para pagar os investimentos necessários para uma matriz sem emissões.

Cerca de 200 milhões de novos postos de trabalho aparecem na nova economia, enquanto 183 milhões da velha deixam de existir.

Em termos absolutos, os países desenvolvidos responderão por metade da conta, mas, como suas economias crescerão mais rapidamente, o impacto sobre o PIB de cada um será menor do que nos países pobres. A McKinsey prevê, portanto, que a neutralidade climática seria atingida à custa de um aumento na desigualdade global.

Vale a leitura dos comentários feitos por Guardian, Bloomberg e Reuters.

Por coincidência, no começo da semana comentamos aqui uma outra estimativa feita pela consultoria Wood Mackenzie, a qual chegou a algo perto de 2% do PIB global, algo bem menos traumático.

Vale lembrar que no ano passado a resseguradora SwissRe estimou o custo dos impactos em 4 cenários climáticos. Caso o aquecimento seja contido e a temperatura não exceda 2°C, o PIB global cairia 4% até 2050. Já se a temperatura passar de 3,2°C, o PIB despencaria 18%.  Assim, parece claro que o melhor caminho é o das mudanças drásticas preconizadas pela ciência.

Em tempo: A seguradora AON estima que a influência da mudança do clima nos eventos extremos responderam por perdas de US$ 130 bi nos desastres do ano passado. Lembrando que a crise hídrica e as perdas de safras na América do Sul não entraram na conta. A Reuters deu a notícia.

 

ClimaInfo, 26 de janeiro de 2022.

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