No mundo invertido do bolsonarismo, quem defende a floresta viva é bandido, e quem comete crime contra a natureza é gente de bem. Por isso, o Governo Bolsonaro lançou uma nova modalidade de Bolsa-Desmatamento, o Pró-Mape, especialmente voltado aos garimpeiros, grupo envolvido com tráfico de ouro, poluição por mercúrio e violências contra Povos Indígenas.
A atividade está entre as principais responsáveis pelos recordes recentes de desmatamento na Amazônia, região que será o foco principal do projeto, segundo a Secretaria-Geral da Presidência da República.
O texto do decreto estabelece a criação de uma comissão – Comape – a ser coordenada pelo Ministério de Minas e Energia e composta pelos ministérios da Casa Civil, Cidadania, Justiça, Meio Ambiente e Saúde. O decreto, que tenta ainda rebatizar a atividade do garimpo como “mineração artesanal”, teve repercussão imediata na imprensa brasileira, com Poder360, Estadão, O Globo, Valor, Folha e Mídia Ninja.
O aceno sem constrangimentos ao garimpo ilegal escancara a tática atual dos grupos de interesse envolvidos em crimes ambientais no Brasil: “O Jair já era”, ou seja, com a possível derrota de Bolsonaro nas eleições de outubro, resta pouco tempo para ‘passar boiadas’”, avalia o colunista Leonardo Sakamoto. Resta saber quanta floresta estará de pé até a chegada de um novo governo federal. E de um Congresso diferente.
ClimaInfo, 15 de fevereiro de 2022.
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