Drama de Petrópolis é retrato do despreparo do Brasil frente à crise climática

Petrópolis

A mudança do clima, causada principalmente pelos combustíveis fósseis e pelo desmatamento, está intensificando eventos meteorológicos extremos que trarão prejuízos socioeconômicos cada vez maiores ao Brasil. As enchentes na Bahia e em outros pontos do Nordeste e também em Minas Gerais, as secas no Rio Grande do Sul, os escorregamentos na Região Metropolitana de São Paulo, e, agora, os deslizamentos e enxurradas fatais em Petrópolis – são todos capítulos de um único verão que já está nos custando muitas vidas humanas e bilhões de reais.

O Brasil não pode mais adiar a implantação de um plano de adaptação às mudanças climáticas. Recursos estão disponíveis para a implantação das soluções, mas o poder público não prioriza o tema. Estas são algumas das mensagens dadas à JovemPan pelo físico Paulo Artaxo, vice-presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e autor de relatórios do IPCC.

Durante todo o dia, a imprensa brasileira e estrangeira reportou diferentes aspectos da tragédia em Petrópolis, incluindo RFI, CNN, CartaCapital, O Globo, Al Jazeera e UOL. Ontem a BBC deu detalhes sobre a situação em diferentes bairros do município. O Estadão avisa que o fenômeno de chuva intensa sobre o Sudeste também afeta agora o Espírito Santo, onde duas pessoas morreram. O jornal também atualiza a informação, confirmada nesta quinta (17/2), de que aquela foi a chuva mais intensa registrada em Petrópolis segundo as medições do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). E destaca corretamente que a causa das mais de cem mortes não é apenas a chuva recorde, mas a ação insuficiente do poder público. Em todas estas reportagens os jornalistas foram obrigados a tratar das mudanças climáticas, uma tarefa que exige critério, como observa o texto do Metsul.

Claro que há soluções locais para mitigar este problema global, mas todas passam por combater os maiores problemas das cidades brasileiras: a falta de planejamento urbano, o descaso com os rios e o com as áreas verdes, o mau uso do dinheiro público e, principalmente neste caso, a desigualdade no acesso à habitação segura.

Sobre a desigualdade no acesso à habitação no Brasil, o Estadão ouviu especialistas que falam da necessidade inadiável de tirar pessoas de áreas de risco. “A prioridade total é para pessoas que estejam em áreas de risco. É duro, mas vamos retirar as pessoas desses locais. Teremos uma postura corajosa para fazer o que for necessário, doa a quem doer”, prometeu Claudio Castro, governador do Rio de Janeiro, em coletiva realizada na quarta (16/2). Pedimos ao governador que cuide bem dessas famílias, para que a dor não recaia sobre estas pessoas.

 

ClimaInfo, 18 de fevereiro de 2022.

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