Tempestades ao norte, seca ao sul: inverno europeu é marcado pelo clima extremo

Europa clima extremo

Dudley, Eunice, Franklin, Antonia. Haja criatividade na escolha de nomes para classificar a série de tempestades que atingiu o Norte da Europa nos últimos dias. Mesmo com alertas antecipados e infraestrutura adequada, o número de mortes chegou a 14 na região, segundo a Associated Press.

Fortes chuvas e rajadas de vento com força de furacão – uma delas atingiu 196 Km/h na Ilha de Wight na 6ª feira (25/2), um recorde para a Inglaterra – interromperam serviços de trens, deixaram centenas de milhares de pessoas sem energia e provocaram destruição e inundações. As tempestades e as correntes de jato oriundas do Atlântico Norte foram consideradas incomuns pelos meteorologistas e atingiram principalmente Irlanda do Norte, França, Reino Unido, Alemanha, Dinamarca e Holanda.

A Suécia, atingida por forte nevasca, teve o serviço de transporte público por ônibus suspenso em Estocolmo, capital do país. Na Alemanha, a companhia ferroviária nacional interrompeu os serviços de trem de longa distância em metade do país, destacou a Reuters.

Para quem ainda não entendeu que mudanças climáticas geram custos altos, a corretora de seguros Aon estimou que o dano causado pelas tempestades, só na Alemanha, chegou a pelo menos 1,6 bilhão de euros (quase R$ 10 bilhões). Os ventos mortais trouxeram pelo menos uma notícia boa: ajudaram a Polônia a bater recorde de produção de energia eólica, que cobriu 30% (6.700 megawatts) da demanda por energia daquele país, segundo a AP.

Neste inverno de extremos no continente europeu, enquanto tempestades castigam o Norte, o Sul é atingido por uma forte estiagem. Portugal enfrenta uma seca em área maior do que a de 2005, considerada recorde, e enfrenta riscos de perda de safra e desabastecimento de água. Os ministérios de Agricultura de Portugal e da Espanha apresentaram ontem (21/2) um plano conjunto à Comissão Europeia para endereçar a questão e pleitear apoio financeiro aos agricultores, informou a Reuters. Ainda segundo a agência, o déficit persistente de chuvas nas regiões mediterrâneas já está afetando a produção de pastagens e culturas de cevada e trigo.

Em tempo: A temporada de ciclones não dá trégua à ilha de Madagascar, na costa leste africana. Segundo a previsão meteorológica, a região deve ser atingida ainda hoje pelo ciclone Emnati. A região ainda não se recuperou dos outros três ciclones e tempestades que a atingiram desde o início de janeiro, deixando um rastro de destruição e 200 mortes. A Associated Press traz mais informações.

 

ClimaInfo, 22 de fevereiro de 2022.

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