Custos humanos do fracasso climático são destaque do novo relatório do IPCC

crise climática custos humanos

Há apenas quatro meses, na COP26, os líderes mundiais se comprometeram a agir rapidamente em relação à mudança climática. O novo relatório do IPCC mostra a dimensão desta tarefa. Muitos dos impactos do aquecimento global já são simplesmente “irreversíveis”, destacam diversas reportagens em veículos internacionais na cobertura do lançamento do novo documento do IPCC.

A informação, contida no relatório, é tudo menos um motivo para a inação. Primeiro porque há uma breve janela de tempo para evitar o pior (e pode ficar bem pior), avisam os autores do relatório. Segundo porque o custo de desistir da proteção do clima é muitas vezes superior ao investimento para agir rapidamente e manter as temperaturas abaixo de 1,5oC. Como destacam BBC, Bloomberg e FT, a natureza e os seres humanos contidos nela estão sendo empurrados para situações para as quais é impossível adaptar-se.

O texto do Guardian parte de uma premissa importante: se os impactos foram subestimados no passado pelo IPCC, é possível que os efeitos apontados agora sejam ainda mais graves na prática. É uma perspectiva sombria, sobretudo para os países-ilha, para os quais a previsão do IPCC já é de cataclisma. E também para mais de 40% da população mundial que já é “altamente vulnerável” ao clima no atual nível de aquecimento (1,1°C).

A Reuters destaca o alerta do relatório para os riscos da “desadaptação” (tradução livre de maladaptation), quando governos criam políticas climáticas que acabam por agravar os impactos que tentavam reverter.

O Climate Home News destaca cinco pontos para resumir o documento: 1) as mudanças climáticas já estão afetando a saúde humana e os sistemas de cuidado em todo o mundo; 2) a perda acelerada de biodiversidade é uma realidade que ameaça nossa própria existência; 3) as capacidades humanas para adaptação aos impactos não são compatíveis com os níveis de aquecimento que estamos contratando agora por meio do atual nível de emissões; 4) as nações ricas e responsáveis pela maior parte do aquecimento global estão impondo aos países pobres e às comunidades vulneráveis as piores consequências de sua poluição, tornando o tema do financiamento climático incontornável; e 5) cada décimo de grau importa. Quanto mais longe for o aquecimento, mais difícil será voltar a um patamar mais frio no futuro. Outros resumos podem ser encontrados em Carbon Brief, NYT e WST.

ClimaInfo, 3 de março de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.