Petroleira Total é acusada de propaganda enganosa por promessa de net-zero

Total greenwashing

As organizações Greenpeace, Friends of the Earth e Notre Affaire À Tous acusam a petroleira Total de propaganda enganosa e greenwashing. Segundo as organizações, a empresa estaria dando informações falsas aos consumidores franceses em um esforço publicitário iniciado em 2021, com a mudança do nome da petroleira para TotalEnergies. Com peças como esta, a campanha afirma que a empresa se tornará net-zero até 2050 e usará tecnologias ainda pouco conhecidas para isso, como a captura e o armazenamento de carbono.

Segundo Clara Gonzales, assessora jurídica do Greenpeace França, a TotalEnergies estaria tentando convencer o público do impossível: “Que a neutralidade de carbono pode ser alcançada enquanto produzimos e vendemos cada vez mais combustíveis fósseis”. À Bloomberg, a petroleira francesa negou que seu plano net-zero seja enganoso.

A acusação por si só será danosa à imagem da companhia, já que obriga as partes a uma audiência pública após apresentação das alegações por escrito. Reuters e FT repercutiram o caso.

Para especialistas ouvidos pelo FT, o greenwashing é o novo negacionismo climático, que pode ser, inclusive, mais perigoso dada a maior dificuldade em desmenti-lo. O artigo informa sobre iniciativas incipientes de padronização da comunicação de planos climáticos de empresas, a exemplo do que já existe nos planos financeiros. E informa ainda que mecanismos para esta padronização devem fazer parte das leis climáticas na União Europeia e nos EUA.

Em tempo: As petroleiras dos EUA não tentaram disfarçar e já usam a guerra criada pela Rússia para tentar substituí-la nos mercados consumidores de gás europeus, reporta a Bloomberg. Outros setores também se animaram, como o nuclear. Acusados de oportunismo por cientistas e ativistas, representantes setoriais se defendem dizendo que buscam apenas alertar a todas as regiões do mundo sobre o erro de depender do gás russo. Sem o adjetivo “russo”, estariam até corretos.

 

ClimaInfo, 4 de março de 2022.

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