Amazônia está perdendo resiliência e se aproximando de ponto de não-retorno, alerta estudo

Amazônia tipping point

O diagnóstico sobre a situação da maior floresta tropical do mundo é preocupante: nas últimas duas décadas, mais de 75% da área da Amazônia sofreu perda de resiliência por conta do avanço do desmatamento e os impactos do aquecimento global. Essa é a conclusão de um estudo publicado nesta semana na Nature Climate Change por pesquisadores da Alemanha e do Reino Unido. De acordo com análise, a Amazônia está se aproximando rapidamente de seu ponto de não-retornou – estágio a partir do qual o bioma perde suas características ecossistêmicas básicas e se degrada.

O estudo foi conduzido a partir de dados relativos à degradação florestal da Amazônia entre 1991 e 2016, coletados por meio de imagens de satélite. Além de observar a evolução da cobertura vegetal, os pesquisadores também se atentaram para as reações ecossistêmicas a esses distúrbios. A análise em si não identifica qual seria esse ponto de inflexão, mas considera diversos indícios para apontar a intensificação do empobrecimento ambiental da Amazônia, além de sinalizar quais seriam os impactos de um cenário desses para o clima global. “Se chegarmos a esse ponto, com a perda irreversível da floresta amazônica, o efeito sobre a mudança do clima será significativo”, observou Tim Lenton, diretor do Global Systems Institute da Universidade de Exeter (R. Unido), ao NY Times.

A conclusão do estudo está em consonância com pesquisas anteriores sobre a perda de resiliência da Amazônia. O Valor lembrou o trabalho do climatologista Carlos Nobre, um dos primeiros cientistas a alertar sobre o risco de a floresta amazônica cair em um processo irreversível de degradação caso o desmatamento ultrapassasse 25% de sua área total. Estima-se que hoje essa taxa esteja perto dos 20%.

A análise foi noticiada por Estadão, Deutsche Welle, Folha, g1 e Piauí, além de ter sido destacada por outros veículos importantes no exterior, como Financial Times e Guardian.

 

ClimaInfo, 10 de março de 2022.

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