Rússia e Ucrânia trocam acusações sobre possíveis danos em Chernobyl

Guerra Ucrânia Chernobyl

A preocupação com os efeitos da invasão russa à Ucrânia sobre as usinas nucleares do país continua significativa. Na 4ª feira (9/3), os governos de Kiev e Moscou trocaram acusações quanto à interrupção de linhas de transmissão de energia que alimentam os resfriadores dos geradores remanescentes da usina de Chernobyl. Desligada há mais de duas décadas, a usina ainda depende de resfriadores para fazer o descomissionamento completo, em um processo que pode durar anos. De acordo com o governo ucraniano, as tropas russas que controlam a região de Chernobyl desde a semana passada desligaram as linhas de transmissão, afetando o funcionamento dos resfriadores.

Sem energia, os resfriadores estão sendo abastecidos com geradores a diesel, operados por funcionários ucranianos que seguem trabalhando na usina. De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), mesmo um eventual desligamento total da energia elétrica para os resfriadores não acarretaria em risco de contaminação por radiação, já que o volume de água de resfriamento utilizado nas piscinas em torno dos reservatórios de combustível radioativo é suficiente para manter a remoção efetiva do calor mesmo sem eletricidade. No entanto, o risco é significativo para as pessoas que operam a usina: desde a eclosão da guerra, as 210 pessoas que trabalham em Chernobyl foram mantidas na usina, sem a possibilidade de fazer o revezamento com outras equipes. O NY Times analisou os riscos potenciais que um apagão em Chernobyl pode causar.

Já a empresa nacional ucraniana responsável pela usina, Ukrenergo, pediu às forças russas um cessar-fogo na região de Chernobyl para que uma nova equipe técnica possa se dirigir à usina para fazer manutenção de emergência e substituir os profissionais que estão detidos na planta. Por ora, Moscou não aceitou o pedido e sugeriu o envio de especialistas nucleares de Belarus, país aliado da Rússia na guerra, o que não foi bem recebido pelos ucranianos. Tal como a guerra em si, a queda de braço entre russos e ucranianos em Chernobyl continua. O Washington Post deu mais detalhes.

 

ClimaInfo, 11 de março de 2022.

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