Guerra na Ucrânia: países europeus são pressionados a reduzir consumo de petróleo e gás russo

Guerra na Ucrânia

Enquanto Estados Unidos e Reino Unido anunciam uma moratória do consumo de petróleo e gás da Rússia por conta da invasão à Ucrânia, os países da União Europeia seguem em compasso de espera, temerosos quanto aos impactos de sanções mais diretas sobre a indústria fóssil russa na oferta imediata desses combustíveis ao continente europeu. A preocupação não é banal: a Rússia é o principal fornecedor de gás natural a países como Alemanha e Itália, que não possuem alternativas no curto prazo para substituí-lo. Mas a pressão para que isso aconteça está aumentando.

O Climate Home descreveu o delicado tabuleiro geopolítico e energético da UE na crise ucraniana. Os planos para diminuir e abandonar os combustíveis fósseis russos ainda estão em uma fase inicial, visando eliminar a dependência até 2027. Na seara política, a ideia de impor sanções imediatas à indústria fóssil russa dividiu a UE: enquanto a Polônia defende uma abordagem de enfrentamento mais firme, Alemanha, Hungria, Bulgária e Finlândia seguem reticentes quanto a uma proibição do petróleo e gás da Rússia no mercado europeu.

Sem definição de ações imediatas, a UE discute um novo pacote de medidas para financiar novos gastos militares e energéticos; de acordo com o Valor, o montante a ser destinado deve chegar a dois trilhões de euros, que também apoiarão projetos de transição energética para acelerar o fim da dependência dos combustíveis fósseis russos no continente. Por outro lado, como destacou a Bloomberg, as restrições potenciais aos combustíveis russos estão ressuscitando a demanda por carvão na Europa.

Em tempo: A crise entre Moscou e o Ocidente começa a respingar na diplomacia climática internacional. Segundo o Climate Home, a coalizão Umbrella Group, que reúne nações desenvolvidas como Austrália, Canadá, EUA e Japão, suspendeu a filiação de Rússia e Belarus. A Ucrânia, invadida pelos russos no final de fevereiro, também faz parte desse grupo e pediu à UNFCCC a suspensão formal da Rússia das próximas rodadas de negociação climática. Esse pedido é mais simbólico do que prático, já que não existe precedente para suspensão de um país de negociações multilaterais em clima; além disso, por se tratar da Rússia, país com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, dificilmente qualquer medida nesse sentido poderia ser avalizada pela direção da ONU.

 

ClimaInfo, 14 de março de 2022.

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