Guerra muda panorama da transição energética global

Guerra Ucrânia transição energética

A invasão russa à Ucrânia e seus efeitos políticos e econômicos podem ter inaugurado uma nova era na geopolítica energética global, destacaram Alan Crawford e Grant Smith na Bloomberg. A União Europeia, que depende do petróleo e do gás da Rússia há décadas, corre contra o tempo para diminuir seu consumo; a Arábia Saudita, que sofreu com a desvalorização brutal do petróleo durante a pandemia, se beneficia diretamente com o aumento do preço do barril e seu papel revitalizado de fornecedor estratégico para os Estados Unidos; a China, por sua vez, enxerga oportunidades de mercado no ocaso da indústria fóssil russa.

Em suma, o status quo pré-guerra tornou-se inviável para o futuro, ao menos no curto prazo. “Isso representa a maior reformulação do mapa geopolítico e energético da Europa – e, possivelmente, do mundo – desde o colapso da União Soviética, se não o fim da Segunda Guerra Mundial”, argumentou Bob McNally, consultor energético com passagem pela Casa Branca. E isso mexe diretamente nas possibilidades da transição energética global para fontes renováveis. Como Brad Plumer, Lisa Friedman e David Gelles apontam no NY Times, o risco é de que, na ânsia por garantir mais petróleo no curto prazo, os países negligenciem as políticas de longo prazo para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis.

Alguns sinais preocupantes nesse sentido começam a ser vistos: nos EUA, o governo Joe Biden começa a ensaiar um recuo em suas políticas para exploração de petróleo e gás; no Reino Unido, sede da mais recente Conferência da ONU sobre o Clima, o governo Boris Johnson também esboça uma retomada da exploração no Mar do Norte. O desafio dos governos será equilibrar as necessidades energéticas de curto prazo com as necessidades climáticas de médio e longo prazo.

 

ClimaInfo, 15 de março de 2022.

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