Geopolítica climática: os efeitos da guerra na Europa sobre a transição energética global

17 de março de 2022
Sean Gallup, Johanna Geron, Scott Olson, and Mikhail Klimentyev, via Getty Images

A invasão russa à Ucrânia mexeu com praticamente todas as peças do tabuleiro geopolítico global, especialmente no que diz respeito à crise climática. De uma hora para a outra, os países europeus foram forçados a lidar com os dilemas morais de depender do petróleo e gás russos e, indiretamente, financiar a máquina de guerra de Vladimir Putin na Ucrânia. Ao mesmo tempo, as sanções internacionais a Moscou deixaram a indústria fóssil russa em uma situação delicada, com perda potencial (e duradoura) de mercados consumidores importantes no Ocidente, beneficiando diretamente outros produtores de combustíveis fósseis, como a Arábia Saudita e a Venezuela, que ganharam mais poder de barganha com os compradores europeus e norte-americanos. No meio disso tudo, os planos de transição energética para o net-zero parecem ter ido para a “geladeira” das grandes potências, o que deu uma nova chance para o patinho-feio dos combustíveis fósseis, o carvão.

No NY Times, Spencer Bokat-Lindell fez um panorama das análises de especialistas sobre os efeitos de curto, médio e longo prazo da crise russo-ucraniana sobre a ação climática global. Por um lado, a necessidade de diminuir a dependência de combustível fóssil russo pode acelerar o processo de transição energética na Europa e nos Estados Unidos; por outro, especialmente no curto prazo, essa corrida para se livrar dos russos já está favorecendo interesses imediatos da indústria fóssil.

Ao mesmo tempo, a perspectiva de um colapso da cooperação internacional para o clima, que sustentou a retomada das negociações multilaterais depois do desastre de Copenhague em 2009, resultando no sucesso político do Acordo de Paris em 2015, é ainda mais problemática. Como o mundo pode avançar no enfrentamento da crise climática sem a ajuda da Rússia, um dos principais produtores de energia fóssil do mundo? Nesse sentido, a declaração do governo russo de que os planos de descarbonização do país até 2050 estão ameaçados por conta das sanções internacionais já representa um primeiro reflexo negativo da crise russo-ucraniana no esforço climático global.

Em tempo: A invasão russa à Ucrânia mexeu também com pesquisas sobre os impactos da mudança do clima. A revista Ecologist elencou alguns estudos sobre degelo do permafrost, ondas de calor e incêndios florestais que acabaram paralisados por causa da guerra e das sanções internacionais à Rússia.

 

ClimaInfo, 18 de março de 2022.

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