Ação climática e proteção da Amazônia são chave para o futuro do Brasil, defende chefe de banco da UE

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Em entrevista ao Valor, o vice-presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI), Ricardo Mourinho Félix, destacou que a União Europeia enxerga o Brasil como um parceiro necessário para o sucesso dos esforços globais contra a crise climática. Por um lado, o país pode ser um player importante no mercado do hidrogênio verde; por outro, a intensificação do desmatamento na Amazônia segue sendo uma pedra no sapato da ação climática brasileira.

“O BEI olha para a Amazônia como algo que é, seguramente, um ativo ambiental brasileiro, mas também da humanidade. Como todos os ativos com essa dimensão – no sistema financeiro, chamaríamos de ativos sistêmicos, ou too big to fail [muito grande para falir] – temos uma responsabilidade global”, disse Félix. Nesse sentido, de acordo com o executivo, o BEI quer reforçar investimentos e parcerias com governos e empresas no Brasil para promover projetos sustentáveis e rentáveis na Amazônia, que gerem riqueza e mantenham a floresta em pé. O Poder360 também repercutiu a entrevista.

Enquanto isso, Ana Bottallo escreveu na Folha sobre o risco do desmatamento levar consigo espécies recém-descobertas de plantas com grande potencial de aproveitamento na medicina. É o caso, por exemplo, da Aenigmanu alvareziae, encontrada no oeste da Amazônia e que, mais recentemente, descobriu-se que possui propriedades microbianas. Outra planta, a Tovomita cornuta, localizada no Amazonas, pode ajudar na redução de gordura ao redor do fígado, com potencial uso para prevenção de obesidade relacionada a doenças metabólicas.

A riqueza da diversidade biológica é um dos grandes potenciais de desenvolvimento sustentável na Amazônia. No Estadão, Eduardo Geraque destacou como produtores locais se organizaram nos últimos tempos para preservar o pirarucu e organizar sua produção para tornar o peixe uma fonte de renda para milhares de famílias. “Muitos pensam que a solução para a Amazônia tem que ser buscada fora. Mas, na verdade, a saída está com a própria comunidade tradicional”, defendeu o biólogo João Campos-Silva. “O manejo do pirarucu, hoje, pode ser considerado como uma das grandes universidades da Amazônia”.

Em tempo: Na Amazônia colombiana, Comunidades Indígenas e Tradicionais sofrem com os efeitos da intensificação da estiagem, que vem causando inclusive o desaparecimento de rios e riachos que apoiaram a subsistência das pessoas da floresta por séculos. Além de prejudicar a geração de renda e a oferta de alimentos, a seca também isola ainda mais as pessoas, que foram forçadas a abandonar os barcos para andar quilômetros a pé. A BBC Brasil contou essa história.

 

ClimaInfo, 22 de março de 2022.

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