O governo federal confirmou que o Brasil está aumentando sua produção de petróleo, considerando a crise de oferta precipitada pela guerra entre Rússia e Ucrânia no mercado global de combustível. No entanto, a ideia do governo é aumentar a extração de petróleo em 70% nos próximos dez anos, chegando a 5,3 milhões de barris diários do produto. “Nós já estamos nesse caminho de aumentar a produção. Até 2026, devem entrar em produção 15 plataformas de petróleo, com média de 200 mil a 250 mil barris por dia em cada estrutura”, afirmou o ministro de minas e energia, Bento Albuquerque, a’O Globo.
O governo brasileiro vem lidando com a pressão crescente dos EUA para ampliar a produção imediata de petróleo para o mercado internacional, de maneira a ampliar a disponibilidade do produto depois das sanções internacionais à economia russa. O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Rodolfo de Saboia, disse à Reuters que o Brasil não tem como acelerar os planos de expansão da produção no curto prazo. Das plataformas em construção, apenas uma está prevista para entrar em operação neste ano, com capacidade para produzir 180 mil barris diários de petróleo bruto. Outros cinco estão previstos para o próximo ano, que poderão elevar a capacidade produtora em 630 mil barris por dia.
Com o preço do barril mais alto no exterior, as empresas petroleiras estão ampliando investimentos na produção de combustível no Brasil. Dados do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), citado por O Globo, apontam que o investimento no setor nacional de petróleo vai somar US$ 13,5 bilhões neste ano, cerca de US$ 1 bi a mais que no ano passado. Para 2023, a expectativa é de que esses recursos somem US$ 20 bilhões.
Em tempo: O podcast Ao Ponto, do projeto Um Só Planeta (O Globo), ouviu a professora da UFRJ Clarice Ferraz sobre os efeitos da alta do petróleo e da guerra na Europa sobre o mercado de combustíveis fósseis e seus impactos potenciais na transição energética global para o carbono zero. Da mesma forma que outros países, o Brasil também está em uma encruzilhada: investir mais na produção imediata de petróleo, sob o risco de condenar os esforços contra a mudança do clima, ou aproveitar as oportunidades para se posicionar como grande produtor de energia limpa?
ClimaInfo, 22 de março de 2022.
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