Países ricos precisam parar de produzir petróleo e gás até 2034 para viabilizar metas climáticas, diz estudo

petróleo e gás
Hussein Faleh/AFP/Getty Images

Uma análise do Tyndall Center for Climate Change Research, da Universidade de Manchester (Reino Unido), mostrou que os países ricos precisam acabar com toda a produção de petróleo e gás até 2034 para dar ao mundo uma chance de 50% de prevenir um colapso climático devastador. Já os países em desenvolvimento teriam até 2050 para fazer o mesmo. Os dados foram divulgados pelo Guardian.

O relatório examina a riqueza de cada país e a dependência de sua economia da produção de combustíveis fósseis. A partir disso, desenha trajetórias e prazos para garantir uma transição energética justa que não resulte em mais pressão econômica negativa sobre as populações mais pobres do mundo. “Existem enormes diferenças na capacidade dos países de acabar com a produção de petróleo e gás, mantendo suas economias vibrantes e proporcionando uma transição justa para seus cidadãos”, explicou Kevin Anderson, principal autor do estudo.

Alguns números deixam evidente essa questão. No caso dos EUA, uma interrupção da produção de petróleo e gás teria um efeito baixo no PIB per capita do país, que se manteria na casa dos US$ 60 mil (o que colocaria a economia norte-americana na 2ª posição global nesse critério). Já países pobres, como Sudão do Sul, República do Congo e Gabão teriam seu PIB per capita devastado com o fim imediato da produção de energia fóssil.

Entretanto, isso parece fugir do radar da maior parte das nações desenvolvidas. O Guardian também destacou a troca de “gentilezas” entre o secretário-geral da ONU, António Guterres, e representantes do governo da Austrália. O busílis começou por conta de uma crítica do chefe da ONU sobre a resistência australiana em estabelecer novas metas de redução de emissões para 2030 sob o Acordo de Paris. Em resposta, o ministro das comunicações da Austrália, Paul Fletcher, chamou Guterres de “falastrão”. Além de ser um dos países mais reticentes a qualquer ambição climática, a Austrália tem no carvão um de seus principais produtos de exportação, beneficiado nas últimas semanas pelos efeitos da crise russo-ucraniana no mercado energético global.

 

ClimaInfo, 23 de março de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.