Estudo explora caminhos para engajar agricultores na conservação do Cerrado

conservação do Cerrado

A expansão do agronegócio nas últimas décadas foi alimentada em grande parte pela destruição do Cerrado brasileiro, especialmente no Centro-Oeste do país, onde a vegetação deu lugar a vastos cultivos de soja e pasto para o gado. Essa realidade coloca os agricultores e pecuaristas no centro de qualquer esforço de proteção e recuperação do Cerrado, tido como a “caixa d’água” de diversas bacias hidrográficas brasileiras. Mas como engajar esses produtores?

Um estudo recente, publicado na revista World Development por pesquisadores de instituições dos Estados Unidos e Europa, analisou a eficácia, o custo e a legitimidade de esquemas de pagamento aos produtores pela preservação de áreas nativas (pagamentos por serviços ambientais, PSA) em suas propriedades. A conclusão é de que esses pagamentos isoladamente, sem algum dispositivo que puna aqueles que descumprem essa obrigação, são pouco efetivos em proteção e recuperação do Cerrado. Além disso, pelas características da produção agrícola nesta região do país, esses esquemas de PSA ainda têm o risco adicional de ampliar desigualdades entre grandes e pequenos produtores.

A alternativa, de acordo com os autores, seria a complementação desses esquemas com ações de comando-e-controle para identificar e punir eventuais desmatadores. Além de ter potencial de proteger uma área maior do Cerrado do risco de desmatamento, essa abordagem também seria mais barata do que um esquema puramente baseado em PSA. O estudo também defende um redirecionamento dos pagamentos por conservação para as áreas que proporcionariam os maiores ganhos de conservação da biodiversidade, o que permitiria a remuneração de pequenos proprietários em detrimento dos grandes produtores de soja. O Mongabay deu mais informações sobre o estudo.

Em tempo: No UOL Ecoa, Carlos Minuano trouxe exemplos de projetos sustentáveis de aproveitamento dos recursos da biodiversidade para a geração de renda e emprego e a proteção das florestas brasileiras. Entre os exemplos estão a produção de mel de cacau natural na Mata Atlântica, práticas de manejo e produção de frutas e sementes no Cerrado, além do velho conhecido açaí na Amazônia. Esses casos mostram que é possível promover desenvolvimento sustentável nas áreas de floresta sem derrubar uma árvore sequer.

 

ClimaInfo, 25 de março de 2022.

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