Mineração ameaça apagar vestígios de história milenar indígena no Tapajós

Tapajós

Não são apenas os projetos hidrelétricos que ameaçam as comunidades indígenas do Tapajós. O avanço da mineração tem o potencial de apagar indícios arqueológicos importantes da história de diversos Povos Indígenas.

No Mongabay, Maurício Ângelo destacou dados do IPHAN que identificam 375 sítios arqueológicos nos municípios da bacia do Tapajós. Nesses locais, foram encontradas peças e artefatos datados de pelo menos dois mil anos atrás, trazendo informações sobre o tipo de ocupação humana que existiu nesta região muito tempo antes da chegada dos europeus ao continente americano. Essas evidências contrariam o senso comum que enxerga a Amazônia como um “vazio demográfico” e mostram como diferentes povos viveram na (e conviveram com a) floresta ao longo dos séculos.

Além dos grandes projetos de infraestrutura e mineração, o garimpo ilegal também representa um problema sério para os esforços arqueológicos. Em muitos casos, os garimpeiros disputam espaço com os arqueólogos e encontram muitas destas peças primeiro.

Por falar em mineração em Terra Indígena, o Valor destacou a expectativa da mineradora Potássio do Brasil, de propriedade do banco canadense Forbes & Manhattan, que espera ansiosa a derrubada das restrições socioambientais para ampliar a exploração de sua mina de potássio em Autazes (AM). O PL 191/2020, proposto pelo governo Bolsonaro para legalizar a exploração mineral em Terras Indígenas, foi revivido no Congresso no último mês depois de o Planalto defender o projeto como resposta a uma eventual crise de desabastecimento de potássio no mercado mundial, causada pelas restrições internacionais à Rússia. A empresa reafirmou que a mina de Autazes não explora áreas demarcadas para indígenas, mas comunidades locais refutam essa versão.

Em tempo: Ainda sobre o assunto “potássio”, João Fellet abordou na BBC Brasil diversas técnicas agrícolas que podem ajudar o agronegócio brasileiro a reduzir sua dependência de fertilizantes. Muitas dessas práticas, como a coivara (na qual abrem-se clareiras na mata para cultivo de espécies perenes como mandioca, batata-doce e inhame), usam a diversidade e a abundância da biomassa vegetal como base para a fertilidade do sistema produtivo.

 

ClimaInfo, 25 de março de 2022.

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