Crise climática nos polos: iceberg maior que RJ se desprende na Antártica

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USNIC

Um bloco de gelo de cerca de 1,2 mil km2 se desprendeu na semana passada na Antártica Oriental, mostram imagens de satélite da agência espacial norte-americana (NASA). Essa região tem sofrido nas últimas semanas com uma forte onda de calor que elevou as temperaturas para o patamar mais alto dos registros históricos, com 30°C acima da média. Para efeitos de comparação, a superfície de gelo desprendida na Antártica equivale ao território do município do Rio de Janeiro.

A plataforma de gelo estava situada na Terra de Wilkes e já vinha em processo de desintegração. O colapso final deu origem a um iceberg de quase 30 km de comprimento e 18 km de largura, que depois se rompeu em dois pedaços. Este bloco de gelo em si é pequeno quando comparado com outros icebergs já registrados no extremo sul do globo, mas a origem dele é o que chama a atenção e desperta preocupação. Isso porque a porção oriental da Antártica é tida até agora como uma das áreas menos afetadas pela intensificação do calor no continente gelado nas últimas décadas.

“As plataformas de gelo perdem massa como parte de seu comportamento natural, mas o colapso em larga escala de uma plataforma de gelo é um evento muito incomum”, disse ao Guardian Andrew Mackintosh, da Universidade de Monash (Austrália). “O colapso em si, no entanto, pode ter sido causado pelo derretimento da superfície como resultado das temperaturas extremamente altas registradas recentemente na região, mas precisamos de mais evidências para vincular esse colapso ao aquecimento recente”.

Associated Press, Bloomberg, Reuters e NY Times repercutiram a informação. No Brasil, Folha e g1 republicaram matéria da AFP sobre o assunto. Já o Jornal Nacional (TV Globo) destacou as ondas de calor no Ártico e na Antártica e as conexões potenciais com a crise climática.

Em tempo: A Autoridade do Parque Marinho da Grande Barreira de Corais, na Austrália, confirmou que o ecossistema foi atingido por um sexto evento de branqueamento massivo de corais. Esse dado preocupa não apenas pela repetição de eventos deste tipo na região (é a 4ª vez que acontece desde 2016), mas também pelo fato dele acontecer em um ano de La Niña, quando as águas do Pacífico estão mais frias – em tese, esse seria o período de recuperação para os corais. “O fato de estarmos vendo um evento de branqueamento em massa em um ano de La Niña é preocupante e um claro sinal da crescente intensidade das mudanças climáticas e do aquecimento dos oceanos”, afirmou Neal Cantin, um dos pesquisadores que participou da análise recente da Grande Barreira de Corais, ao Guardian. “A gravidade e a frequência são muito alarmantes”. O NY Times também repercutiu a notícia.

 

ClimaInfo, 28 de março de 2022.

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