Pesquisa aponta para contribuição mais significativa das árvores contra crise climática

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Roni Rekomaa/Bloomberg

Os serviços climáticos prestados pelas florestas não se limitam à captura de carbono. Pesquisadores dos EUA e da Colômbia descobriram que as florestas também ajudam o planeta a se manter pelo menos meio grau centígrado mais frio por meio de seus processos biofísicos, que incluem desde o reflexo da luz solar até compostos químicos. Isso abre uma série de possibilidades para o aproveitamento e a inclusão das florestas em estratégias de adaptação à mudança do clima.

Os pesquisadores descobriram que as florestas emitem compostos orgânicos voláteis biogênicos (BVOCs) que criam aerossóis que refletem a energia recebida e formam nuvens. Embora resulte também no acúmulo de ozônio e metano, o processo natural em equilíbrio acaba compensando o aquecimento com resfriamento. Raízes profundas, uso eficiente da água e a chamada rugosidade do dossel também permitem que as florestas mitiguem o impacto do calor extremo.

A descoberta tem reflexos importantes no que diz respeito às florestas tropicais, como a Amazônia. De acordo com o estudo, os efeitos biofísicos são ainda maiores, permitindo temperaturas mais amenas. Por outro lado, o desmatamento dessas áreas interrompe esses processos e resulta em um aumento imediato do calor local, além de diminuir o volume de chuvas.

Publicado na revista Frontiers in Forest and Global Change, o estudo teve repercussão na Bloomberg e no Guardian, entre outros veículos.

Em tempo: A ideia de Justiça Climática está baseada em um pressuposto básico – os países mais pobres, que menos contribuíram para a ocorrência da crise climática, também são os mais vulneráveis aos seus efeitos negativos. Ou seja, os países mais ricos, que se beneficiaram diretamente dos efeitos positivos da queima de combustíveis fósseis, devem arcar com a maior parcela de responsabilidade no enfrentamento da mudança do clima e aliviar os efeitos negativos sobre os mais pobres. Uma análise do World Inequality Lab destacada pela Bloomberg mostrou o tamanho prático desse desafio: o recorte “país rico x país pobre” está perdendo relevância nessa comparação para um recorte “população rica x população pobre”. Ou seja, a desigualdade crescente de renda em todos os países (inclusive nos mais pobres) está intensificando a injustiça climática.

 

ClimaInfo, 28 de março de 2022.

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