Uma nota técnica do Observatório do Código Florestal mostrou que uma eventual exclusão do Mato Grosso dos limites da Amazônia Legal, tal como previsto pelo projeto de lei (PL) 337/2022, poderá resultar na liberação do desmatamento de, no mínimo, 10 milhões de hectares, uma área equivalente à da soma da dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santos. Além disso, a mudança na lei isentaria outros 3,3 milhões de hectares de qualquer exigência de restauração, deixando-os igualmente vulneráveis ao avanço do desmatamento no estado.
O texto refuta o principal argumento dos defensores da proposta de que uma saída do MT da Amazônia Legal permitiria ampliar a área cultivada no estado, expandindo a produção rural. O ponto central está exatamente naquilo que permite à região ser um grande polo de produção rural: a frequência das chuvas. “O aumento do desmatamento permitido por esse projeto iria justamente afetar a oferta desse serviço ambiental, diminuindo os volumes e alterando a regularidade das chuvas na região”, diz a nota, que cita também dados de uma análise de pesquisadores da UFMG que sugerem perdas da ordem de US$ 2,7 bilhões por ano nesse cenário. O site ((o)) eco deu mais informações.
Enquanto isso, os ministérios do meio ambiente e da justiça anunciaram a criação de uma nova força-tarefa para combater o desmatamento ilegal na Amazônia. Batizada de “Operação Guardiões do Bioma”, a ação mobilizará 1,2 mil agentes da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional de Segurança Pública, IBAMA, ICMBio e as policiais civil e militar dos estados amazônicos. Além de atacar o desmate irregular, a operação pretende também auxiliar nos esforços de combate aos incêndios florestais nos próximos meses, com foco no sul do Amazonas e no Pará. Agência Brasil e Jornal Nacional (TV Globo) deram mais informações.
Em tempo 1: O ministro Paulo Guedes parece ser daqueles que gostam de atravessar uma rodovia movimentada só para cair na casca de banana do outro lado da via. Em conversa com empresários na última 6ª feira (25/3), o outrora “Posto Ipiranga” do governo Bolsonaro tratou de minimizar os efeitos da política antiambiental de seu chefe. “O Brasil não é o cara que polui o mundo. [Ele] é um pequeno transgressor, um pequeno poluidor”, disse Guedes. “De vez em quando tem uma floresta que queima aqui e ali”. Se esse será o tom dele no diálogo com os ministros da OCDE na Europa nesta semana, Guedes pode voltar ao Brasil com a orelha queimando tal qual o Pantanal e a Amazônia sob Bolsonaro. A notícia é da Folha.
Em tempo 2: O fotojornalista Lalo de Almeida, da Folha, foi premiado na semana passada pelo World Press Photo, a mais prestigiosa premiação do fotojornalismo mundial, na categoria dos profissionais da América do Sul. O trabalho premiado é o “Distopia Amazônica”, que documentou a ocupação da floresta e seu impacto na natureza e nos habitantes dela. O ClimaInfo parabeniza o Lalo por mais este reconhecimento!
ClimaInfo, 28 de março de 2022.
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