
O dado é absurdo não apenas pelo seu tamanho, mas também pelo pano-de-fundo da história. Desde que os países assinaram o Acordo de Paris, em 2015, com compromissos para conter o aquecimento global neste século em 2oC com relação aos níveis pré-industriais, os 60 maiores bancos do mundo destinaram quase US$ 4,6 trilhões em financiamento à indústria dos combustíveis fósseis. Só no ano passado, esse fluxo chegou a R$ 742 bilhões. As informações são do relatório Banking on Climate Chaos 2022, publicado nesta 4ª feira (30/3) por um grupo de entidades ambientalistas e ativistas climáticos.
Segundo a análise, os principais vilões do financiamento anticlimático são os bancos JP Morgan Chase, Wells Fargo, Mizuho e MUFG, que ampliaram o volume de recursos destinados à indústria fóssil no ano passado. De maneira geral, a despeito de 40 dos 60 bancos analisados terem algum tipo de política que restringe o financiamento de petróleo e gás, apenas quatro instituições cobram explicitamente de seus clientes informações sobre os riscos climáticos de seus negócios na análise de pedidos de financiamento.
O relatório também destacou como o financiamento à indústria fóssil se desdobrou em alguns setores e regiões do mundo. Por exemplo, as empresas de exploração de petróleo em areias betuminosas tiveram um aumento de 51% no financiamento de seus projetos pelos bancos, um salto impulsionado em grande parte por dois bancos canadenses, RBC e TD.
Já a exploração de petróleo e gás no Ártico foi beneficiada com mais de US$ 52 bilhões em financiamento no ano passado, com os bancos americanos Citi e JPMorgan Chase fornecendo a maior parte dos recursos. O carvão, por sua vez, teve grande impulso por instituições financeiras da China em 2021, com fornecimento de mais de US$ 17 bi para mineração e US$ 44 bi para geração termelétrica.
O relatório teve destaque em veículos como Bloomberg, Financial Times e Reuters.
ClimaInfo, 31 de março de 2022.
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