A proposta da União Europeia para restringir a entrada de commodities associadas ao desmatamento ganhou novo impulso nesta semana com a divulgação parcial do parecer favorável do Parlamento Europeu. De acordo com a análise, encabeçada pelo eurodeputado de Luxemburgo Christophe Hansen, essas regras podem ajudar na finalização de acordos de livre comércio assinados pela UE, os quais estão travados por causa de desconfianças sobre seus impactos ambientais – como é o caso do tratado com o Mercosul.
“O problema do desmatamento em grandes países parceiros comerciais tornou cada vez mais difícil angariar apoio para a finalização dos acordos de livre comércio”, diz o parecer, citado por Assis Moreira no Valor. “Esse regulamento é, portanto, crucial para ressuscitar o trabalho em acordos comerciais importantes, tanto para a prevenção do desmatamento e a proteção do clima, como para a prosperidade global e o estabelecimento de padrões”.
Com as cobranças internacionais ao Brasil se intensificando, o governo tenta defender sua “nova” política ambiental com parceiros e investidores estrangeiros. Em passagem pela Europa, o ministro Joaquim Leite reconheceu que os índices de desmatamento na Amazônia estão em um patamar alto, mas que a gestão Bolsonaro está atuando para reduzi-lo. “A política do governo é uma política racional na direção de soluções climáticas lucrativas para o empreendedor, para as pessoas e o meio ambiente, para a natureza”, disse Leite à RFI em Genebra, depois de participar de reuniões com outros ministros da OCDE. “Nos governos anteriores, a política era ‘o que eu posso reduzir, proibir, onde eu posso ocupar e multar’. O governo Bolsonaro traz uma nova política: que solução climática vou conseguir empreender junto com o setor privado”. Curiosamente, foi a partir do momento em que o governo deixou de seguir o “reduzir, proibir, ocupar e multar” é que a coisa começou a desandar na Amazônia depois de quase uma década de redução substancial do desmatamento. Enquanto isso, a “política racional” foi incapaz de reduzir o ritmo de desmate em um hectare sequer.
ClimaInfo, 01 de abril de 2022.
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