Disputas políticas enfraquecem linguagem do novo relatório do IPCC

IPCC mitigação climática
Jason O'Brien/AAP

No exterior, a imprensa também explorou os bastidores do processo de aprovação do documento, repleto de especulações e pressões de última hora que acabaram causando o maior atraso nos 34 anos da história do Painel. Pelo cronograma original, o relatório deveria estar disponível para a imprensa e o público em geral às 6h da manhã (horário de Brasília) desta 2ª feira (4/4); no entanto, a liberação aconteceu apenas ao meio-dia, para frustração de quem esperava pelo documento.

De acordo com Fiona Harvey no Guardian, o atraso foi resultado de desentendimentos entre os países sobre a linguagem do texto em alguns pontos. Por exemplo, a Índia e outros países em desenvolvimento exigiram mudanças importantes em questões como o financiamento climático, especialmente a necessidade de os países desenvolvidos assumirem essa responsabilidade. Já a Arábia Saudita, maior produtor de petróleo do mundo, tentou minimizar a linguagem do texto sobre o abandono dos combustíveis fósseis, ressaltando que a transição energética não pode causar desequilíbrios econômicos nos países produtores de energia fóssil.

O fechamento do relatório do IPCC também causou desavenças entre os dois principais emissores de gases de efeito estufa do mundo, Estados Unidos e China. De acordo com o Financial Times, a principal divergência entre eles estava na questão das responsabilidades de mitigação relativas aos países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Associated Press, BBC, Bloomberg, Climate Home, CNN, Guardian, NY Times, Reuters e Wall Street Journal repercutiram os principais pontos do relatório. Associated Press, Bloomberg, Climate Home e Washington Post também destacaram a movimentação dos países para interferir no texto final.

 

ClimaInfo, 5 de abril de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.