Servidores indicam pressão na FUNAI para negar vestígios de indígenas isolados no Pará

Povos Isolados

Enquanto representantes indígenas se concentram em Brasília para defender seus direitos, o governo Bolsonaro segue em seu caminho de desmonte e ataque aos Povos Tradicionais do país. Na Folha, Rosiene Carvalho informou que servidores da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) estariam sendo pressionados por superiores para refutar indícios que apontariam para a existência de um grupo de indígenas isolados na Terra Ituna-Itatá.

Em novembro passado, um grupo da FUNAI foi até a área para analisar a continuidade da restrição de uso da terra. Na expedição, eles encontraram indícios da presença de índios isolados, como resíduos alimentares e artefatos de cerâmica sem decoração. Entretanto, o relatório foi rejeitado pelo diretor de proteção territorial da FUNAI, César Augusto Martinez, sob o argumento de que seria “irregular, ideológico e imprestável”. Essa análise teria acontecido após uma reunião de Martinez com o presidente da FUNAI, o delegado federal Marcelo Augusto Xavier, e o senador bolsonarista Zequinha Marinho (PA), no dia 9 de novembro de 2021.

Um servidor ouvido pela reportagem afirmou que a equipe da FUNAI foi bem-recebida por fazendeiros e grileiros na região de Ituna-Itatá, sob a justificativa de que eles “liberariam” a área para exploração econômica. Os funcionários também teriam sofrido pressão para concentrar sua análise em locais devastados por invasores, onde seria difícil encontrar vestígios do grupo indígena isolado.

Em tempo: Uma das respostas mambembes do governo Bolsonaro à pressão internacional pelo descontrole do desmatamento foi a criação do programa “Adote um Parque”, no qual empresas foram convidadas a contribuir financeiramente com a conservação de Unidades de Conservação. No entanto, um levantamento feito pela Agência Pública identificou cinco processos de áreas oferecidas para “adoção” pelo governo federal que não deveriam estar nessa relação, por serem reservas extrativistas. Em tese, para que essas áreas possam ser “adotadas”, o governo precisaria validar essa alternativa com as comunidades locais que dependem da RESEX para sua subsistência, o que não aconteceu.

 

ClimaInfo, 8 de abril de 2022.

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