Bolsonaro critica STF por julgamento contra política antiambiental

Bolsonaro política antiambiental
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O julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de uma série de ações que contestam a política antiambiental do governo fez o presidente Jair Bolsonaro elevar o tom de suas críticas à Corte, já com vistas à disputa presidencial de outubro. Em entrevista a veículos de comunicação no Pará, Bolsonaro disse que o STF é “o grande problema” no esforço do Planalto para mudar as leis ambientais e acusou os ministros de quererem “amarrar” o governo federal.

“Um grande problema que temos são os ministros do STF, que estavam julgando semana passada processos sobre a Amazônia. Eles querem nos amarrar e impedir de investirmos na Amazônia”, reclamou Bolsonaro. O presidente também repetiu as velhas acusações – sem provas, as usual – contra o INPE de que os dados sobre desmatamento e queimadas na Amazônia seriam “exagerados” e que o projeto de lei que flexibiliza a regularização fundiária desidrataria esses números. “Vamos botar ponto final nesse número exagerado de focos de incêndio que existe na Amazônia”.

Bolsonaro também reconheceu que, a despeito da pressão do governo federal para aprovar o projeto de lei (PL) 191/2020, que libera a mineração em Terras Indígenas, ainda não existe apoio suficiente no Congresso Nacional para essa aprovação. “Não posso culpar o Parlamento, porque lá dentro tem tudo que é corrente. Não tem ainda uma maioria para aprovar o projeto de exploração nas Terras Indígenas”. Carta Capital, Folha, O Globo e Reuters repercutiram o “mimimi” presidencial.

Curiosamente (mas não acidentalmente), a choradeira de Bolsonaro passou longe da notícia sobre a explosão do desmatamento na Amazônia no 1º trimestre deste ano. De acordo com dados do sistema DETER/INPE, pouco mais de 941 km2 de floresta foram derrubados entre janeiro e março de 2022, o maior índice da série histórica para o período. Quem não conseguiu fugir da cobrança foi o vice-presidente Hamilton Mourão, que chefia o Conselho Nacional da Amazônia Legal. “Janeiro e fevereiro foram muito ruins, né, apesar de todas as operações que a Polícia Federal, a Força Nacional de Segurança, o IBAMA e o ICMBio realizaram”, disse o general-vice, citado pelo Metrópoles. “Foi um período ruim, mas agora vai melhorar, porque muita gente aí foi presa, muito equipamento foi destruído ou confiscado, embargo, várias medidas foram tomadas. Acredito que agora, neste segundo trimestre, vai ter uma melhora bem significativa”. Bem, vamos cobrar a promessa.

 

ClimaInfo, 12 de abril de 2022.

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