Garimpeiros armados invadem Terra Xipaya no Pará

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Reprodução Twitter / Divulgação

A audácia dos criminosos por trás do garimpo ilegal parece não ter limites. Na semana passada, indígenas da Terra Xipaya, no sudoeste do Pará, relataram a passagem de uma megabalsa garimpeira pelo rio Iriri. De acordo com a cacique Juma Xipaya, os garimpeiros agrediram o pai dela, Francisco Kuruaya, depois de ele tentar dialogar com os criminosos. O site Amazônia Real foi um dos primeiros veículos a destacar a situação.

“Meu pai tentou filmar a ação dos garimpeiros, que já chegaram lá operando as dragas, mas foi agredido por oito homens armados que tentaram tomar o celular dele. A sorte foi que ele conseguiu sair de lá e voltar para avisar as outras aldeias”, disse Juma em vídeo divulgado nas redes sociais. Em outra gravação, a cacique Xipaya deu mais detalhes sobre a ação dos criminosos. “É uma balsa muito grande, de dois andares. Tem jet-skis que podem levar até 6 pessoas. Eles têm muitos transportes para fugir. São equipamentos muito grandes e caros. Então, com certeza, há um grande financiador por trás disso. Não são quaisquer garimpeirozinhos (sic), não”.

Os indígenas alertaram a Polícia Federal sobre a invasão e a ação criminosa dos garimpeiros. No sábado, uma operação do ICMBio, com equipes da Força Nacional de Segurança Pública e FUNAI conseguiu apreender a balsa, que estava atracada na Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio, na zona rural de Altamira (PA). Na balsa, foram encontradas uma draga e uma esteira. Cinco adultos e dois adolescentes que estavam na embarcação foram detidos. Parte dos agentes de segurança pública segue na Terra Xipaya para garantir a proteção das comunidades indígenas, que temem retaliações dos garimpeiros.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Ministério Público Federal (MPF) também acompanham a situação dos Xipaya e defendem a intensificação da fiscalização contra o garimpo por parte do governo federal. “Precisamos exigir que o poder público fiscalize mais rigorosamente as atividades de garimpo clandestino que, ultimamente, foram totalmente afrouxadas”, disse o presidente da comissão de Direitos Humanos da OAB no Pará, José Maria Vieira, citado pelo g1.

Agência Brasil, CNN Brasil, Folha, g1, O Globo e Poder360, entre outros, repercutiram a invasão garimpeira à Terra Xipaya e a reação do poder público. No exterior, a Associated Press também destacou o caso.

No final da tarde deste domingo (17/4), o jornalista André Trigueiro informou no Twitter que os garimpeiros que invadiram a Terra Indígena Xipaya foram soltos pela Polícia Federal dentro da reserva extrativista. A balsa gigante segue apreendida na base do ICMBio. A líder indígena Juma Xipaya diz que as comunidades estão aflitas e inseguras: “Nós estamos com medo de represálias”.

Em tempo: Uma análise inédita da organização Conservação Estratégica (CSF Brasil) estimou os danos socioeconômicos da mineração ilegal de ouro em Terras Indígenas no Brasil. Pelo cálculo, os valores médios de prejuízos sociais e ambientais produzidos pelo garimpo variam entre R$ 940 mil e quase R$ 2 milhões por quilo de ouro extraído. No total, considerando dados de 2020, o impacto supera os R$ 6,5 bilhões. Daniela Chiaretti deu mais detalhes no Valor.

 

ClimaInfo, 18 de abril de 2022.

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