Governo Bolsonaro aposta na desinformação para defender “pedalada climática”

Brasil pedalada climática
Reprodução UN Webcast

Mentiras e distorções são parte indissociável do modus operandi do governo Bolsonaro para desmontar as políticas e as leis de proteção ambiental no Brasil. Por isso, não chega a ser uma surpresa ver Brasília recorrer a esses instrumentos tão batidos (mas, ainda assim, com alguma eficiência) para defender o indefensável.

A bola da vez foi o secretário adjunto de clima do ministério do meio ambiente, Marcelo Donnini Freire, que publicou em seu perfil no LinkedIn uma defesa da revisão da contribuição nacionalmente determinada (NDC) do Brasil sob o Acordo de Paris. O documento, divulgado na semana passada, não apenas manteve as “pedaladas climáticas” aplicadas pelo governo Bolsonaro na última revisão da NDC, como também ignorou compromissos recentes assumidos pelo Brasil na questão climática, dentre eles a promessa de zerar o desmatamento na Amazônia e reduzir as emissões de metano em 30% até 2030.

No texto, Freire promete “uma visão técnica, séria e pautada na ciência”, uma frase que parece implorar por uma análise mais cuidadosa – o que foi feito pelo Fakebook.eco. Como esperado, ao invés de ciência, o sub do sub do sub do ministro Joaquim Leite mistura alhos com bugalhos na defesa da NDC bolsonarista. Por exemplo, o post iguala a promessa de neutralidade climática em 2050 com o plano de longo prazo requisitado pelo Acordo de Paris, que o Brasil ainda não apresentou.

Outro exemplo é a velha tática bolsonarista de “bater no mensageiro e ignorar a mensagem”, quando o auxiliar de Leite chama os especialistas que apontaram para as distorções e falhas da NDC brasileira de “militantes partidários que colocam seus interesses pessoais e polarizados na frente dos interesses maiores da Nação, do meio ambiente, da ciência e da coerência metodológica”. Palavras pomposas e vazias que parecem ter saído da caneta de um certo ex-ministro do meio ambiente.

Em tempo: Por falar em desinformação, Thais Lazzeri, Katia Brembatti e Monica Prestes destacaram no Intercept Brasil como canais bolsonaristas de extrema-direita se tornaram a principal arma do governo na disseminação de mentiras sobre a Amazônia, mudança climática e a sociobiodiversidade brasileira no YouTube. A plataforma de vídeos tem sido explorada por esses grupos, que aproveitam os mecanismos de monetização e a leniência do site para espalhar mentiras para milhões de pessoas e ganhar dinheiro com publicidade.

 

ClimaInfo, 18 de abril de 2022.

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