Queda de braço com Rússia sobre pagamento ameaça fornecimento de gás na Europa

Rússia gás
Pavel Golovkin / AP

A insistência do governo de Vladimir Putin em cobrar em rublos pelo gás fornecido aos países europeus, ao invés de euros, pode forçar uma moratória involuntária da compra desse combustível pelos membros da União Europeia. De acordo com a Bloomberg, análises jurídicas feitas por governos da UE nas últimas semanas concluíram que a medida poderia representar uma violação das sanções do bloco contra a Rússia no contexto da invasão à Ucrânia.

Assim, se o governo russo avançar com essa exigência, tal como sinalizado por Putin, as empresas europeias que compram gás russo poderão ser forçadas a interromper a importação, o que representaria um baque mútuo: os europeus ficariam sem o gás russo, importante para atender às demandas energéticas do continente neste momento; e os russos fechariam um dos poucos canais de arrecadação de divisas estrangeiras ainda disponíveis para o país. Como na brincadeira infantil, quem piscar primeiro perde.

A questão do gás é complicada para os europeus. Países como Alemanha e Itália têm grande dependência do combustível importado da Rússia para geração elétrica e uma eventual interrupção do fornecimento representaria um baque econômico pesado. No ano passado, a UE importou cerca de 40% de seu gás e 25% de seu petróleo da Rússia. Exatamente por isso, ainda existe divisão dentro do bloco europeu sobre possíveis sanções à indústria fóssil russa. A Euronews fez um panorama do posicionamento dos principais países da UE sobre o tema.

Do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos se desdobram para apoiar os parceiros europeus e acelerar o fim da dependência de petróleo e gás russos nos mercados do continente. O Washington Post destacou a movimentação da Casa Branca para reposicionar a política externa norte-americana com vistas ao isolamento político internacional do regime de Putin na Rússia. Mas a ideia enfrenta grandes obstáculos – um deles, colocado pela Arábia Saudita, tradicional aliado norte-americano no Oriente Médio, mas que vem se aproximando de Putin nos últimos anos. A Bloomberg noticiou que o presidente russo conversou na última semana com o príncipe herdeiro do reino, o igualmente polêmico Mohammed bin Salman, acerca da cooperação entre os dois países no âmbito da OPEP. O cartel tem resistido às pressões de Washington para ampliar a produção de petróleo, de maneira a reduzir os preços internacionais do combustível e aumentar a oferta no contexto das sanções internacionais à Rússia.

 

ClimaInfo, 18 de abril de 2022.

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