Violência de garimpeiros contra indígenas se intensifica na Terra Yanomami

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divulgação / foto ilustrativa

As agressões e os abusos cometidos por garimpeiros na Terra Indígena Yanomami estão cada vez mais chocantes. Lideranças locais confirmaram nesta 3ª feira (26/4) a morte de uma adolescente de 12 anos, vítima de violência sexual cometida pelos invasores. O crime teria acontecido na comunidade Aracaçá, nas margens do rio Uraricoera. Outra criança, de apenas quatro anos de idade, foi jogada na água e está desaparecida. g1, O Globo e Metrópoles repercutiram a informação.

“A adolescente estava sozinha na comunidade e os garimpeiros chegaram, atacaram e levaram ela para as barracas deles”, detalhou Júnior Hekurari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), em um vídeo divulgado nas redes sociais. A Polícia Federal e o Exército foram comunicados na noite de 2ª feira (25/4), mas ainda não tinham se manifestado sobre a questão até o final da tarde de ontem.

A comunidade Aracaçá fica em área de difícil acesso na Terra Yanomami, na região de Waikás, onde vivem cerca de 200 indígenas. Um relatório recente da Hutukara Associação Yanomami mostrou que essa região registrou aumento de 25% no desmatamento apenas no último ano, com a perda de mais de 296 hectares de vegetação – quase a metade do total desmatado na Terra Yanomami. Essa área em particular tem sofrido o avanço do garimpo nos últimos anos, com os invasores se aproximando cada vez mais dos grupos indígenas, com episódios frequentes de violência e abuso sexual.

Já na Bahia, a Folha destacou o assassinato de dois indígenas da etnia Pataxó em pouco mais de um mês. No domingo passado (24/4), Iris Braz dos Santos foi morto por disparos de arma de fogo na aldeia Novos Guerreiros, na região de Porto Seguro. A aldeia fica nas margens da BR-367, em um território reivindicado pelos indígenas, mas ainda sem demarcação homologada pela FUNAI. Iris era tio do jovem Pataxó Vitor Braz de Sousa, assassinado no dia 14 de março depois de reclamar com vizinhos sobre o som de uma festa clandestina. Na semana passada, outro episódio de violência foi registrado em pleno Dia do Índio, quando a Pataxó Priscila Lima foi espancada por policiais militares durante uma micareta no município de Pau-Brasil.

Em tempo: Defensores dos Direitos Indígenas correm contra o tempo – e contra a omissão do governo federal – para forçar a União a renovar as portarias de proteção a quatro Terras Indígenas com presença de grupos isolados, que estão com validade expirada ou próxima de vencer. A renovação dessas portarias é prerrogativa da FUNAI, que tem sido leniente sob a atual administração: além de demorar na prorrogação das portarias, o governo tem renovado os documentos por apenas seis meses, ao invés dos três anos costumeiros. Como a Folha informou, entre as áreas ameaçadas estão as Terras Ituna-Itatá, no sul do Pará, e Piripkura, no Mato Grosso.

 

ClimaInfo, 27 de abril de 2022.

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